Publicado em 12/09/2024 às 09h52

Vanilson Cardoso.

Lavar as mãos como Pilatos: a atitude que se repete na contemporaneidade.

 

A figura política de Pôncio Pilatos como prefeito da Província Romana da Judeia é conhecida na história, por sua ação direta na condenação de Jesus.
Promovendo o que seria hoje ao júri popular, os grupos políticos religiosos da época recorrem ao poder máximo da região para conseguir a condenação de Cristo. Sabemos que naquela época 4 grupos políticos religiosos atuavam na região, sendo eles: fariseus, saduceus, zelotes e essênios.

Entretanto, diante da pressão popular, uma ação de Pilatos é recordada até hoje: o lavar as mãos. Atordoado por medo dos fariseus e sem querer se comprometer com a situação, nos recorda o Evangelista Mateus 27 Pilatos: “lavou as mãos diante da multidão” expressando assim o seu descomprometimento com a realidade que lhe rodeava. O inseguro Pilatos submete sua decisão à turba ensandecida, incapaz de refletir com sensatez.

Dois mil anos depois, não mais na realidade do julgamento de Cristo, mas na realidade política, muitas pessoas ainda tomam a mesma atitude. O ato histórico de Pilatos marcou um descomprometimento com a realidade que o circundava. Não obstante, muitos hoje, não se sentem parte da realidade e por isso se omitem. Lavam as mãos diante das diversas situações políticas.

Na narrativa bíblica, tal decisão marca a morte de um inocente, o Cristo. E hoje, quem morre pelo ato de ‘lavar as mãos’ adotado por muitos? Listamos: morre a dignidade e o direito da pessoa; morre a esperança de mudança; morre o comprometimento com o bem comum; morre seu direito de cidadania.
Não podemos nos omitir. Não podemos pensar que os problemas que nos circundam não são de nossa responsabilidade. Se vivemos no conjunto de uma sociedade, somos responsáveis pelo desenvolvimento e decisões que irão nos afetar.

‘Lavar as mãos’ só revela o quanto o sujeito já está descomprometido com a mudança e com tempos melhores. Recordemos que a omissão de um homem matou o Salvador. Em nossos tempos, a omissão de muitos “homens” pode matar muitos sonhos. Ensina o Papa Francisco: “Neste mundo da globalização, caímos na globalização da indiferença. Habituamo-nos ao sofrimento do outro, não nos diz respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa”
Sejamos responsáveis e exerçamos nossa cidadania com consciência e compromisso. Sejamos sensatos!

 

 

1 COMENTÁRIO

  1. Nota-se a riqueza do texto, começando pelo título. A todos que lerem, que possam abrir as mentes para essa reflexão tão pertinente e necessária. Parabéns ao redator, pela ótima escrita e principalmente por relacionar Pilatos com o cenário político atual.

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