Publicado em 14/07/2025 às 06h30.

SE EU NÃO TE AMASSE TANTO ASSIM CORRENTINA.
Por Antonio Rocha.

Ah, como eu quero, envolver você, num abraço, Correntina! Não num abraço que a sufoque e mata, mas num abraço que acaricia e afaga. Como gosto de chamar a todos, que habitam no seu vasto território, de irmãos e irmãs, e com todos dividir a alegria de ser filho de suas entranhas.


Ah, minha Correntina dos poetas e das poetisas, dos intelectuais, dos artistas, dos juristas, dos empresários, dos fazendeiros; mas, também, Correntina dos camponeses, dos ribeirinhos, dos geraizeiros, dos posseiros, dos migrantes aventureiros. Enfim, Correntina, sobretudo, do povo, que sustenta tudo isso pelo suor do seu rosto, pela força de seus braços, pelos seus cantos e rezas, pelas suas tradições e inspiração. Também pela sua criatividade e espontaneidade na acolhida, na receptividade, no cumprimento das boas vindas, e, no adeus, cheio de saudades antecipadas.

Oh, Correntina das minhas profundas lembranças de criança, dos encantos da minha adolescência e do vislumbre da minha juventude. Correntina das passeatas pelas ruas e pelas praças, exigindo das autoridades melhorias, tanto para o campo, como para a cidade. Correntina dos doutores da cura e dos doutos das letras e das leis; dos que curam os corpos e dos que curam a loucura, de quem quer entregar o município para o desmanche e para a desertificação. Ah Correntina! Como desejamos que todos queiram cuidar de você, do modo como uma mãe cuida do filho, ou, como um filho cuida da mãe, com o mais profundo amor filial.




No entanto, que medo eu tenho, de ver você, um dia, perdendo o vigor, a beleza e o seu encanto, que, por dádiva divina, espalha-se por todo canto: no rio, nas montanhas, nas veredas, nas praças, nas poesias e nas canções de sua gente. Que medo eu tenho, minha dileta Correntina… Medo de ver você perdendo a sua arquitetura e a sua essência de guerreira criatura; de minguar a sua santa teimosia, na superação dos percalços, tornando-se altaneira. Jamais deixarei de amá-la! Aliás, deixar de amar você seria a minha morte, que, por sorte, ainda o tenho. Ao instante em que a contemplo, admiro e exalto a sua distinta beleza.



Ah, se eu não amasse você tanto, assim, Correntina!!!
👏 👏 👏
Caros Leitores do JC,
O amor e a paixão de Antônio Rocha por Correntina são palpáveis em cada palavra. Ele descreve a cidade como uma mãe ou uma amada, que merece ser cuidada e protegida com amor filial. É simplesmente emocionante os textos produzidos pelo conspícuo Antônio Rocha, de quem tenho a honra de privar da sua amizade.
A descrição da diversidade da cidade, com seus poetas, intelectuais, artistas, camponeses, ribeirinhos e outros, mostra a riqueza cultural e social de Correntina. O autor também destaca a importância do povo, que sustenta a cidade com seu trabalho e criatividade.
O medo de perder a essência e a beleza da cidade é um tema recorrente no texto, e Antônio Rocha expressa sua preocupação com a possibilidade de Correntina perder seu vigor e encanto, especialmente em decorrência do uso abusivo que se faz na retirada das águas dos rios. No entanto, ele afirma que jamais deixará de amar a cidade, e que amá-la é uma parte fundamental de sua existência.
O texto é uma ode à cidade de Correntina, e é impossível não se contagiar com o amor e a paixão do autor. É um exemplo de como a literatura pode expressar sentimentos profundos e universais, como o amor por um lugar e por sua gente.
Contudo, discordo, em parte, quando se fala somente sobre os impactos que julgam se negativos do agronegócio, esquecendo-se que as feiras agrícolas é parte importante do agro, embora em escalas menores de cultivos e plantações que beiram às estradas ou até mesmo no campo brasileiro.
Porém, é necessário expandir nossos pensamentos e compreendermos que as atividades e os impactos do agronegócio não se limitam a apenas partes de terra, mas também em uma grande parcela de nossas vidas, por meio dos diversos produtos que consumimos, desde frutas e verduras; como até mesmo casacos e sapatos de nosso guarda-roupa.
A vida no campo é um dos tópicos que reflete em nossos aspectos econômicos e no desenvolvimento pleno do país, haja vista a participação de tal atividade no PIB, que chega em torno do 27%. Por esse ponto, também podemos citar o outro lado do cenário.
Por mais que tal atividade exerça um papel impactante em solo nacional, ainda é importante destacar o debate dos impactos do agronegócio no Brasil, em sua economia e no meio ambiente. É como penso, respeitando à todos aqueles que pensam de modo diverso.
Meu caro douto, Capitão Getúlio Reis …!
Como sempre, uma discordância simpática e respeitosa, a sua…
É válida a sua visão, e merece reflexão as suas considerações. Toda generalidade é perigosa, eu sei. Não foi e nem é a intenção, no meu texto.
Todavia, o debate sempre é salutar, proveitoso e bem vindo. Concordo que há que se ter equilíbrio, tanto no combate às mazelas produzidas pelos ganciosos em nome do capital, quanto na exploração e extração de riquezas. Observando, desse modo, a necessária exigência ética e moral, aplicada tanto nas relações com a natureza, quanto nas relações humanas e trabalhistas. Grato pela provocação!