Publicada em 30/7/2025 às 21h58.

OS VENDILHÕES DO TEMPLO

Era uma vez um Templo de rara beleza, proprietário de grande volume de terras raras, valiosos metais e diversificadas pedras preciosas, situado no hemisfério sul. Ali, humanos e outros animais desfrutavam das imensas riquezas, inclusive da rica flora e do clima propício à vida. Devido a isso, aquele Templo passou a atrair seres inescrupulosos, ameaçadores e gananciosos, de olho no patrimônio do Santuário Latino-Americano.


Diferentemente dos bíblicos vendilhões do Templo, em que mercadores mercadejavam naquele espaço sagrado, os vendilhões do Templo dos trópicos do Sul querem vender o próprio Santuário, com tudo dentro. Para a perplexidade geral, o valor venal do Templo, na lógica dessa gente, não supera 30 moedas. Além disso, para satisfazer esses Judas mercadores da inegociável soberania nacional, a moeda de troca resume-se no condenável toma-lá-dá-cá. Inescrupulosamente na contramão da ética, em conflito com a lei e a moral, em nome da negociata. Trama bem arquitetada e manobra milimetricamente estabelecida, com deliberado ânimo entreguista.

A ordem é entregar tudo, sob a garantia da continuidade de um projeto cujos beneficiários são poderosos. Assim procedendo, esses Judas modernos, mercadores da soberania nacional, vivem despreocupadamente de costas para o Templo, defronte para o mar contemplando o ídolo Tio Sam. Acontece que, no contexto atual, não se trata mais de negociar no Templo, mas sim barganhar o próprio Templo, o que é ainda muito mais grave. Há quem diga que a tentativa da comercialização do Templo é similar à venda do Patriarca bíblico, José do Egito, perpetrada pelos próprios irmãos.

Diante de tão deplorável quadro, recordei-me do fragmento de uma canção do eterno Raul Seixas: “…a solução é alugar o Brasil.” Realmente há quem queira mesmo fatiar, arrendar, alugar ou vender, por qualquer bagatela, o nosso Santuário, Templo Sagrado do Cone Sul. Já passa da hora de uma contundente reação social e demonstração inequívoca de indignação ética. E que haja um despertar da consciência coletiva e um uníssono rechaço a esses novos Judas que, sordidamente, tramam contra o patrimônio comum.

Por fim, outra imagem bíblica com a qual pode-se traçar um paralelo, é a famosa história da vinha de Nabote, objeto de cobiça do Rei Acabe (1Rs 21,). A narrativa adverte e chama atenção daqueles que habituaram-se na prática da apropriação indébita do que não lhes pertence. Veja caro (a) leitor (a), que o critério de justiça empregado por essa gente, vale exclusivamente para beneficiar os privilegiados. Estes, vivem num mundo fantasioso onde os únicos bem e direitos são os seus próprios.