Publicada em 24/11/2025, as 21h35.

Antonio Rocha.
Possui graduação em Filosofia pela PUC Goiás, graduação em Direito, Licenciatura em História, Curso Seminarístico de Filosofia pelo Instituto de Filosofia/teologia de Goiás, Curso livre em Teologia (1993), especialização em Filosofia Clínica, e mestrado em Ciências da Religião pela PUC Goiás. Ex- Professor efetivo da PUC Goiá6ys, foi professor convidado do Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás.

ALZIRA DE JAIR, A CORRENTINENSE QUE DANÇOU COM VIRGULINO, O LAMPIÃO@.
Por Antonio Rocha.

Foto de Dona Alzira de Jair.

O destaque de hoje é para um dos rostos femininos mais bonitos de Correntina, de nome Alzira. Mulher de fino e incomparável trato, destacou-sepelo estilo amável e descontraído que lhe era característico. Casada com Jair Araújo, revelou-se esposa e mãe extraordinária que, como costureira e estilista reconhecida, auxiliava o marido no sustento de sua numerosa família. Diga-se, de passagem, que alguns traços inerentes à personalidade de Alzira chamavam à atenção, tais como alinhamento estético, elegância e alegre sociabilidade. Em vista disto, ela foi se tornando cada vez mais popular, mas muita gente não sabe que essa bela mulher, um dia teve seu momento apoteótico, em que contra-dançou com o mais temido cangaceiro do nordeste.

Foto divulgação.

Tratava-se de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, que por ali apareceu e pegou de surpresa a todos na ocasião. É que o valente cangaceiro estava de passagem pelas bandas do Juazeiro da Bahia, buscando novas paragens, quando resolveu forrozearcom a sua cabrueira naquele aleatório e divertido lugar. 

Foto de Lampião (Virgulino Ferreira da Silva)

Vale frisar que Alzira ainda era uma menina quase moça, quando contra-dançou com o famoso Capitão. Ele, respeitosamente, conduziu a jovem dama pelo salão para, horas depois, partir em retirada com o seu bando, para destino ignorado. É verdade que os cangaceiros não viviam somente de ouvir os estampidos de balas das carabinas, pois um banho de cheiro agradava-lhes igualmente, sobretudo ao som de uma sanfona pé-de-bode ou ao solo de uma viola. O Xaxado era o preferido em suas danças, mas o forró pé-de-serra fazia lá seu jeito e seu tipo. 

Foto de Alzira de Jair.

Embora fossem raros os momentos de intervalos, de lazer e descontração dos cangaceiros, sobressaia nesses bandoleiros o gosto pela estética, pelas paixões ardentes e pelo terno aconchego. Obviamente, apóssuperado o momento extático, estes voltam a embrutecer-se, engrunhar-se, até criar as couraças de resistência. Os tais exibiam caras franzidas, olhos esbugalhados, ventas abertas, faro e audição apurados. Em tais situações, paulatinamente o ser humano desumaniza-se, e por algum tempo Alzira parece ter humanizado Virgulino, o Capitão. Surpreende o fato de uma menina moça, de pura inocência que, naquelas condições,  só queria bailar nos braços de Lampião, e realmente bailou, na dança e na contra-dança, nos braços do temido forasteiro.

Foto de lampião (Virgulino Ferreira da Silva)

Embora pouca gente de Correntina saiba deste fato, há remanescentes que escutaram tal história, da boca da própria linda Alzira de Jair. O conjunto de  qualidades de Alzira a referendou como a mais proeminente e marcante fisionomia da cidade, bem como aquela que cultivou a memória de Lampião, na ligeira passagem deste pela Bahia. Além do seu inigualável humor, Dona Alzira vestiu a maioria da população correntinense criando, modelando e costurando para ampla freguesia que disputava vagas na sua banca de costura. Indistintamente atendia homens e mulheres, crianças e jovens. Assim foi essa tão humana e emblemática figura, conhecido como Alzira de Jair.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.