Publicado em 16/10/2022 às 16h30
Poemas premiados de Hélverton Baiano
Ofereço aos leitores do Jornal de Correntina dois poemas do meu livro Encanto Perverso, que deve estar por aí até o mês de dezembro. Este livro é vencedor da Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, o maior concurso literário do Estado de Goiás, onde eu, correntinense da gema, estou vivendo. Eu saio de Correntina, mas ela não sai de mim. Assim que o livro estiver pronto, quero fazer um lançamento na minha cidade, levar a ela meu trabalho literário, porque ela faz parte de toda minha vida, em todos os sentidos. Ah! Tem uma resenha aí que vai no início o livro. E logo, logo também deve sair do forno meu livro de contos intitulado Bramuras, com histórias praticamente todas elas baseadas em temas e personagens de Correntina, também ganhador da Bolsa Hugo. Apreciem sem moderação.
Enterrando Cemitérios
Faço poesia para enterrar os cemitérios que há. Minha veia poética cava, cava a aorta torta e derrama sangue sem dó nem piedade, como esparrama sêmem sem medo. Por isso, estou grávido dela e não sei quem é o pai.
Este Encanto Perverso extravia a poesia e a desvia por todos os poros, até não poder mais. O que nela há veio para extasiar e fiz questão de entregá-la de mão beijada, sem pejo e nem nada. Tudo o que pode ser, não é; nem se o poeta quiser.
Eu quis me derreter no que essa poesia é, sem mais nem menos. Ela é tudo o que não é e foi tudo sem ser, porque é essência da mais indecente inocência, e não tem cadência e tem cadência. Eu fiz essas poesias pra ficar arrepiado (Arre pirado). Urra!
Hélverton Baiano.
VERSO AVESSO
Por andar em seus tropeços
Esmerando em criar hospícios
Vai marretando auspícios
Sem saber onde é o começo.
Por viver só pelo preço
Que pagou pra ter só isso
Cumpriu seu descompromisso
Se recompondo ao avesso.
Cheio de ausências seu berço
Engoliu mil sacrifícios
Quis furar vãos orifícios
Por apagar seus apreços.
Por mais deliberar regressos
E pelo prazer de seus vícios
Fez aparecer seus sumiços
No verso avesso do inverso.
CARCOMIDAS
Guardei o insosso a temperar o sal
que nos protege a carne apodrecida
tentando ao menos defumar o mal
pra alimentar o que nos come a vida.
Por o veneno que nos alimenta
a borrifar as plantações do caos
que a gente come achando que isenta
a farta ausência que comove os maus.
Na fatia fétida da melancia
a arrotar a prisão do nosso ventre
sem saber suicida o inseticida.
Se morrendo aos poucos no que comia
nossa gula sai do prumo até que entre
em cena toda mentira esquecida
Ler os textos, poesia e prosa, de meu conterrâneo Hélverton Valnir me traz enorme satisfação. Além de criativos, agradáveis, transmitem conhecimentos culturais e históricos de nossa terra natal.
Marivalda Santos, Ele é espetacular mesmo. Também gosto muito. E vem coisa nova ai em breve.