Publicado em 13/03/2025 às 08h15.

Foto ilustrativa/internet.

O TEMPO
Por Gecílio Souza

O tempo é senhor de tudo
O trono do mundo é seu
As coisas se envelhecem
Ele não se envelheceu
Quem contra o tempo lutou
Dramaticamente pereceu
A imponente juventude
Na velhice se encolheu
As forças foram embora
Quem jogou sorriso fora
Já chorou e padeceu

Foi ele quem presidiu
Tudo que já aconteceu
Sob o governo do tempo
A esperança apareceu
Os quatro cantos do globo
Ciosa ela percorreu
Distribuindo o otimismo
Que em dor se converteu
Come os ricos e os andarilhos
O tempo devora os filhos
Que ele próprio concebeu

Foto ilustrativa/internet.

Na mitologia grega
O nome Cronos recebeu
Já na mitologia romana
Saturno se equivaleu
À versão grega de Cronos
Que aquela cultura creu
O tempo é o necrotério
Uma espécie de museu
Onde tudo é recolhido
Desnecessário ou vencido
Ele próprio prescreveu

Seu juízo é implacável
Ninguém ele absolveu
Quem ousou ludibriá-lo
Para a sua chibata correu
O cabelo que era preto
Caiu ou se embranqueceu
A pele bela e lisinha
Com rugas se enrijeceu
Na boca falta algum dente
A visão límpida e potente
Turvou e se escureceu

O que era duro e firme
Se tornou mole e desceu
O forte e inabalável
De repente se enfraqueceu
Quem esbanjava lucidez
Do passado se esqueceu
Eis que o império do tempo
De há muito prevaleceu
Devora o herói do ringue
Sua régua não distingue
Mulçumano de judeu

Foto ilustrativa/internet.

Cristão ou pagão, tanto faz
Crente, descrente ou ateu
A duração do passado
Ninguém jamais descreveu
A maior vítima do tempo
É quem muito tempo perdeu
Quando se lembrou do tempo
A vida desapareceu
Quem tempo desperdiçou
Sem o próprio tempo ficou
Um dia se arrependeu

O amor intenso e sincero
Que o amante prometeu
Diluiu-se no espaço
Foi breve, se desvaneceu
Tudo o que há sob o sol
Alcança um breve apogeu
O tempo é incorruptível
E jamais se interrompeu
A ciência é inteligente
Mas foi ele principalmente
Que os problemas resolveu

Foto ilustrativa/internet.

Ele que fez existirem
Nas bandas do mar Egeu
Sócrates, Platão e Aristóteles
O saber os estabeleceu
Agostinho e Tomás de Aquino
Einstein, Newton e Galileu
Graças a estas inteligências
A ciência floresceu
Mas este elenco é saudoso
Porque o tempo impiedoso
A todos ele recolheu

Para provar que o tempo
Move o que sempre moveu
Somos súditos do tempo
Se algum não se convenceu
Dê uma olhada no espelho
Veja como amanheceu
Compare os detalhes do rosto
Com o dia que antecedeu
O tempo não tem consciência
Come a própria decendência
E avisa: “Tudo sou eu”

Gecílio Souza – Bacharel em Direito, Licenciado e Mestre em Filosofia e professor no UniCEUB – Centro Universitário de Brasília.

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