Publicado em 23/04/2025 às 20h21.

 

A PERVERSÃO POLÍTICA
Por Gecílio Souza

O conceito de política
Ou sua própria acepção
É a arte do bem comum
Não há outra variação
A sentença de Aristóteles
Vale em qualquer ocasião
Um princípio universal
Legado da tradição

Mas a demagogia então
Surgiu e fixou assento
Pariu a politicagem
O mais falso elemento
Que por ser oportunista
Vive buscando o momento
De explorar o vulnerável
Carente de auto-sustento

Com este comportamento
A política se empobrece
Nas datas especiais
O demagogo aparece
Distribuindo migalhas
Abraça a quem não conhece
Profere discursos hipócritas
E o vulnerável agradece

A ética se empalidece
Ante a falta de pudor
A inescrupulosidade
Nem sequer muda de cor
Doa-se um kg de peixe
Para alienar o eleitor
E gasta com a propaganda
Mil vezes aquele valor

A semana santa a rigor
Em seu aspecto cristão
Pressupõe mudança séria
Para muitos a conversão
Ao invés de dar esmolas
Resgatar o próprio irmão
Sem discursos marqueteiros
Dos políticos de ocasião

Que usam a religião
Em seu próprio benefício
Hipócritas bajuladores
Transformam tudo em comício
Foram eleitos mas não sabem
Do seu verdadeiro ofício
Já os pobres continuam
No dramático sacrifício

Tudo é lindo no início
Presença em todo lugar
Obras superficiais
Pois algo há de se mostrar
As margens do rio das éguas
Começam o preço pagar
Se cuide meio-ambiente
Eles não vão te poupar

Só para exemplificar
O tamanho da hipocrisia
Dois kg de arroz e um peixe
Doados num único dia
Se fosse uma cesta básica
Ainda dispensaria
Tendas e toda a estrutura
Para doarem mixaria

A Madre se silencia
Face a essa aberração
Deveriam silenciar-se
Os que fazem a “doação”
Devolvem migalhas ao povo
E promovem um barulhão
A cada centavo doado
Eles gastam um dinheirão

Dar esmola e mostrar a mão
É de quem ética não possui
Devolve a parte irrisória
A quem muito contribui
Com essa política menor
Nenhuma cidade evolui
O tempo retira a cortina
Do teatro que se dilui

Qualquer inteligência conclui
Daquilo por trás da cena
Que a politicagem pratica
O que a ética condena
É um traço característico
De toda política pequena
E os maus representantes
A rigor não valem a pena

Gecilio Souza – Bacharel em Direito, Licenciado e Mestre em Filosofia e professor no UniCEUB – Centro Universitário de Brasília.

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