Publicado em 13/07/2025 às 11h09.

*Teoney Guerra é Jornalista Provisionado e Corretor de Imóveis.

Festa literária movimenta Correntina no fim-de-semana
Teoney Araújo Guerra*

De 10 a 12 deste mês – quinta-feira, sexta e sábado –, foi realizada em Correntina a 1ª Festa Literária, Cultura e Manifestações dos Povos Ciganos, evento que, como o próprio nome destaca, teve como tema, a cultura e costumes do povo cigano.

Foto: Givaldo de Jesus/ Os escritores Gecílio Souza e Hélverton Baiano.
Foto: Givaldo de Jesus/ Os escritores Gecílio Souza e Hélverton Baiano.

O evento foi custeado por projeto proposto pela professora aposentada Joselita Neves de Moura, no Edital de Cultura da Bahia Literatura, que tem participação também da Fundação Pedro Calmon. E foi realizado na praça Dona Vivi, no centro histórico da cidade, em estrutura dotada de tendas, onde funcionaram os estandes, e espaços físicos da Câmara Municipal e da Casa Paroquial, onde foram realizadas palestras e oficinas. Uma unidade da Biblioteca Móvel Pedro Calmon também compôs a estrutura do evento literário.

Foto: Foto: Felipe Sampaio.

Nos três dias foram realizadas palestras, oficinas de dança, adereços e leitura, contação de estórias, recital poético, lançamento e comercialização de livros, leitura de mãos, exposição de arte, palestras, e ainda apresentações culturais e musicais, sendo todas as atividades ligadas à cultura cigana e à diversidade. Uma tenda recebeu donativos para o programa Bahia Sem Fome, a serem entregues à unidade do Corpo de Bombeiros sediada em Bom Jesus da Lapa, que será responsável pela distribuição.

Foto: Givaldo de Jesus.
Foto: Givaldo de Jesus.
Foto: Givaldo de Jesus.
Foto: Givaldo de Jesus.
Foto: Givaldo de Jesus.
Foto: Givaldo de Jesus.

A unidade móvel da Biblioteca Pedro Calmon, que foi responsável pelo recital poético, contação de estórias, e uma palestra, fez ainda o empréstimo de livros para a leitura no local, e a distribuição de exemplares de outras obras, em uma ação denominada de quizz cultural.

Foto: Givaldo de Jesus.

Mais de uma dezena de escritores de Correntina e outras cidades da Bahia, do vizinho estado de Goiás e de Pernambuco (Recife) expuseram suas obras em vários estandes. Quatro editoras baianas estiveram presentes no evento, divulgado suas marcas e comercializando livros. Juntas, elas disponibilizaram aos visitantes e compradores quase duas centenas de títulos. Livros para o público infantil, infanto-juvenil e o público adulto: cordel, romances, ensaios e contos, entre muitos gêneros e estilos literários.

Foto: Givaldo de Jesus.

Escritores nascidos em Correntina, residentes na cidade ou não, participaram: Gercílio Souza, André Inácio Moura, Pedro Navais, Rosângela Gomes e Hélverton Valnir, O escritor correntinense residente em Goiânia, Hélverton Baiano – conhecido pela população local como Valnir -, que em maio último foi empossado na Academia Goiana de Letras (AGL), ocupando a Cadeira nº 13, lançou o seu mais recente livro, que tem como título, BRAMURAS – o livro já foi lançado na cidade de Goiânia.

Foto: Givaldo de Jesus.

Autores não correntinenses também expuseram e venderam suas obras: Janaina Lemos, Bruna Rodrigues, Gisberta Kal, Alenilda Carvalho (GO), Vera Diógenes (PE) e Valdeique Oliveira.

PARTICIPAÇAO POPULAR – A organização não fez estimativa da quantidade de pessoas que visitaram a festa literária; a responsável pela Biblioteca Móvel, Simone Binho, estimou em mais de 300 pessoas, o número de visitantes à unidade.

Foto: Givaldo dos Santos.

Durante os quase três dias, houve momentos de um fluxo significativo de frequentadores, movimentando bastante toda a área, e outros com pouca gente na praça. A organizadora do evento, a professora Joselita, fez questão de destacar a importância que a direção do Colégio em Tempo Integral de Correntina, da rede estadual, deu à feira literária, levando vários grupos de alunos durante os três dias. Atenção que, de acordo com ela, não foi dada pela rede municipal de ensino.

Foto: Givaldo de Jesus.

A representante da editora Segundo Selo, Nicole Santiago, considerou o movimento “fraco”, assim como as vendas de livros – a representante não informou a quantidade de exemplares comercializados. Para ela, muitas das pessoas que visitaram o estande da Segundo Selo demonstraram pouco interesse pelos livros. “Ficou, para mim, a impressão da falta do habito da leitura”, opinou.

Foto: Givaldo dos Santos.

No estande da Editora Cogito as opiniões foram de que o movimento estava “dentro do previsto”, mas, foi sentido uma “curiosidade abaixo do normal”. Também não foi informado a quantidade de livros comercializados.

Foto: Givaldo de Jesus.

Da mesma forma, no estande da Editora Pedras Brancas as opiniões foram de que a visitação e a comercialização dos 15 títulos disponibilizados estavam dentro da expectativa.

Foto: Givaldo dos Santos.
Foto: Felipe Sampaio.
Foto: Divulgação evento.
Foto:divulgação evento.

Dessa forma, no aspecto comercial, o evento foi considerado relativamente bom para uns expositores, mas, nem tanto, para outros. Não foram informados, porém, valores das vendas.

CIGANOS: OCORRÊNCIAS POLICIAIS E ESTIGMA – A abordagem do tema ligado à cultura cigana rendeu comentários no evento, e pode ter afastado pessoas que teriam ido se o tema da festa literária fosse outro. Foi o que a reportagem pôde apurar junto à organização, bem como a participantes do evento.

Foto: Givaldo de Jesus.

De acordo com a apuração, ocorrências policiais registradas em Correntina ultimamente envolvendo pessoas da etnia cigana, que, inclusive, resultaram em mortes, foram motivo de “explicação” por pessoas que teriam ido ao evento, se não fosse esse o tema. “Pessoas me falaram que tinham medo de acontecer algum problema aqui”, confidenciou uma pessoa que preferiu não ser identificada.

Houve também quem afirmou que, o que houve nesse sentido foi causado por preconceito, “um estigma que segue os ciganos”.

Alguns membros da comunidade cigana existente na cidade participaram de atividades da festa literária.

EVENTO INÉDITO – A festa literária foi um acontecimento inédito em Correntina. O Curador, Valdeique Oliveira, que é também escritor, ao falar com a reportagem sobre o evento, destacou o seu ineditismo na cidade, além da sua importância para a cultura e a reafirmação dos valores dos povos ciganos. “Isso é o mais importante” afirmou.

O ineditismo do evento foi destacado também pelo escritor Gecílio, que afirmou ainda, ter se surpreendido com o tema. E concluiu o seu ponto de vista destacando ainda a relevância da festa literária e a possibilidade dela despertar outras pessoas a se tornarem autores.

Foto: Givaldo de Jesus.

Outro autor ouvido pela reportagem, Hélverton Baiano, disse que “um evento que engloba literatura e cultura cigana é inédito e sempre muito bem vindo”. Acrescentou ainda, que esse evento “é importante para o desenvolvimento da cidade de um modo geral. A interação entre os autores e destes com a comunidade promove um crescimento e um aprimoramento artístico e cultural muito profícuos para todos os envolvidos”. Finalizando, diz: “Adorei participar, interagir com as pessoas e aprender com as experiências dos colegas e também sobre a cultura cigana”.

Foto: Givaldo de Jesus.
Foto: Givaldo de Jesus.

*Teoney Araújo Guerra é jornalista provisionado, escritor e colaborador do Jornal de Correntina.

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