Publicado em 6/11/2025, às 6h15.

Antonio Rocha.
Possui graduação em Filosofia pela PUC Goiás, graduação em Direito, Licenciatura em História, Curso Seminarístico de Filosofia pelo Instituto de Filosofia/teologia de Goiás, Curso livre em Teologia (1993), especialização em Filosofia Clínica, e mestrado em Ciências da Religião pela PUC Goiás. Ex- Professor efetivo da PUC Goiá6ys, foi professor convidado do Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás.

MESTRE LEÓ, O PRIMEIRO CHOFER DO PADRE ANDRÉ

Pintura, de Leozírio de Araujo Ferreira, exposta na Casa da Cultura de Correntina.

Um dos primeiros motoristas que prestaram serviços ao Padre André, chamava-se Leozírio, amplamente conhecido por Leó. Homem de expressiva estrutura corporal, cútis branca, discreto e olhar penetrante. Costumava andar com os braços para trás e cruzados, solfejando notas de partituras musicais. Às vezes parava para prosear com um vizinho, um parceiro ou algum transeunte conhecido que passasse rua. Era convincente e firme nos argumentos, além de privilegiado com uma inteligência versátil e inigualável. Sapateiro dos melhores da cidade, o nosso personagem era também músico, mecânico e etc. Vale destacar que os sapatos por ele fabricados eram, devido à qualidade, extremamente requisitados pela freguesia, cujos filhos estudavam no Educandário São José.

Rigoroso na educação da própria prole, demonstrava ser uma pessoa de bom trato, sociável e amigável. Reverenciado integrante da banda de música de Correntina, estabeleceu fiel e duradoura parceria com Seo Hélio, notabilzando-se pelos criativos e impressionantes sons extraidos do seu Saxofone. Nos ensaios ou nas tocatas pelas ruas da cidade, nos festejos do aniversário de Correntina e nas diversas festividades, o seu desempenho era notável. Consequentemente, Leozirio era requisitado a integrar inúmeros grupos musicais da circuvizinhança, inclusive de fora do estado baiano.

Foto de Leozírio de Araújo Ferreira.

Atuou como professor, além de diretor da banda de música da cidade. A ele se deve a descoberta e à formação talentos musicais filhos de Correntina. Exigente e perfeccionista, o mestre Leó insistia com os seus alunos no aperfeiçoamento das leituras, das rítmicas, dos compassos musicais, dos sons e da boa embocadura, para o perfeito domínio dos dobrados, com vistas a abrilhantar os festejos comemorativos da cidade.

Pintura, de Leozírio de Araujo Ferreira, exposta na Casa da Cultura de Correntina.

Leozirio sempre foi o homem de confiança do padre. Conhecedor de todas as trilhas e vias estradeiras, era o Seo Leó, aquele dirigia e colocava o seu vigário nos caminhos do município e da região. Era ele o guia, o condutor, aquele que levava o padre às desobrigas pelo vasto território paroquial de Nossa Senhora da Glória. Mas, além de Correntina, o nosso dileto chofer acudia também outras necessidades Brasil afora, onde o padre eventualmente o requisitasse.

Pintura, de Leozírio de Araujo Ferreira, exposta na Casa da Cultura de Correntina.

Em razão dessas experiências, Leó virou um grande contador de causos capitaneados de sua própria vivência e larga experiência. Tudo isso fez do mestre Leó um exímio guardador de memórias. Isto porque recolhia e apurava fatos e lendas, para posteriormente serem contados numa roda de cerveja com os boêmios, ou num encontro qualquer de colegas de profissão, bem como dos amigos que compartilhassem os mesmos caminhos.

Morre o homem e fica a fama! Fato é que Leozirio tornou-se uma memória viva para os correntinenses, devido ao conjunto de sua obra: seus feitos, sua musicalidade, sua profissão, sua história.

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