Publicado em 17/11/2025, às 14h23.

O PORTO DE CORRENTINA
O presente ensaio pretende refletir sobre algo que, muito provavelmente, muitos leitores sequer ouviram falar. Refiro-me ao Porto da Barra do São José, situado na fronteira entre os municípios de Correntina e Santa Maria da Vitória. Aos que o desconhecem, o texto tem primordialmente um caráter informativo, sem prejuízo da diletante reflexão.
Correntina é uma cidade cuja configuração incluem ilhas, cachoeiras e rios caudalosos. Além desta verdadeira coreografia natural, integrava o acervo cultural correntinense uma antiga base de navegação fluvial, por sinal muito movimentada, pela qual passavam mercadorias que chegavam e que saiam para diversos destinos.
A referida base integrava-se ao rio Corrente e este conectado ao grande São Francisco, ampliava o alcance dos produtos. Porém, antes de chegar ao ponto de embarque, o transporte era o lombo de burros e carros de bois, por meio dos quais o município escoava sua produção até a boca do Porto, na Barra de São José. Muito relevantes e fundamentais na ocasião, com o tempo esses mecanismos foram considerados obsoletos e desapareceram.
Nos dias atuais sequer são mencionados, mas a despeito da indiferença e do desconhecimento da comunidade local, aquele monumento já atraiu grande fluxo de pessoas e embarcações. Vale lembrar que o comércio era muito aquecido e o vai e vem dos vapores com seus apitos intensificava a movimentação humana. Para as recepções e despedidas, o povo abanava chapéus e lenços, em aceno aos passageiros navegantes. Embora tudo que surge tenha sua razão de ser, o mesmo vale para o ocaso. Sobre este registro histórico, algumas pessoas contam que as disputas políticas, os lobbys, os antagônicos interesses e mesmo ciúmes de vizinhança, constituíram-se no prenúncio do desaparecimento da base portuária do São José.
Assim é que Correntina perdeu o titulo de cidade portuária, fato este deplorável e digno de amplo debate no âmbito sócio-político. Dados técnicos dão conta de que o desaparecimento do Porto porque o rio se tornou inavegável, devido à forte velocidade de suas águas, acentuadas pelas fechadas curvas e consequente redução do seu leito. Ou seja, o rio estava raso demais para o tráfego de transportes fluviais. Tais informações podem ser encontradas nos apontamentos históricos de Hélverton Baiano, bem como no testemunho de algumas poucas pessoas, remanescentes da época.
Além das justificativas, outras línguas proclamam que o óbice à continuidade do fluxo de navegações até a Barra, foi a ideia da criação de uma ponte ligando Santa Maria a São Félix, o que interditaria a passagem dos vapores. Controvérsias à parte, tanto Correntina como Santa Maria da Vitória ficaram sem Porto, razão pela a Vila da Barra do São José praticamente desconectou-se de Correntina.
Dela, restaram apenas uma velha capelinha no alto do morro, o resto da antiga ponte de madeira, as paredes do cais e as boas lembranças daqueles tempos.

Lamentável é que, embora se constate alguma evolução no município há, por outro lado, a constatação de perdas irreparáveis de elementos que poderiam projetar Correntina a outros patamares.






Nunca tinha ouvido falar desse porto lá na Barra, mais já ouvi que tinha um porto onde hoje é a praça do Jacaré em Santa Maria. Para projetar Correntina em outros patamares, os políticos locais poderiam brigar para construir um porto seco onde vai passar a fiol.