Publicado em 23/11/2025, as 11h18.

O RACISMO E O PERFIL RACISTA
Por Gecílio Souza
Uma grave enfermidade
Chamada de ignorância
Quando forma sociedade
Com sua irmã arrogância
Vira criminalidade
Sem qualquer observância
Ao senso de humanidade
E alimenta a intolerância

Enfermidade medonha
Que embrutece o coração
O racista é sem vergonha
Um ser em deformação
No íntimo é um pamonha
Mas metido a gostosão
Se com a justiça ele sonha
Foge porque é fujão
O racista é um criminoso
Racismo é mais que doença
É um crime odioso
Nascido de alguma crença
Torna o homem perigoso
Que se concede a licença
E o poder indecoroso
De anular a diferença
Observe que o racista
Enxerga porém não vê
Tem olhos e ótima vista
Mas sua abstração cadê?
Ver é a racional conquista
O oposto do que ele crê
Razão é um olho analista
Entende o que e o porquê

Capacidade de enxergar
Todas as espécies têm
Mas abstrair e analisar
Cabe só ao homem porém
O racista por ignorar
De si próprio é refém
Sente prazer em insultar
E em agredir alguém
Ele é superficial
Pois só enxerga a aparência
Ver é uma ação racional
De abstrair a essência
O racista é um animal
Que possui má consciência
Agride a ordem legal
Fere a ética e a decência

O racista é um arrogante
Que se acha superior
É um molambo ambulante
Fixado na própria cor
O seu ser é um purgante
Mal cheiroso no interior
Covarde e vil vacilante
Tem perfil de agressor
Ele é carapaça oca
Não tem o que oferecer
O racista abre a boca
Somente para ofender
Toda punição é pouca
Para corrigir este ser
Moralmente usa touca
Tentando se esconder

Só consegue enxergar
Na vítima de sua ameaça
O que sabe valorizar
Que é a própria carapaça
E vive a se projetar
Na projeção se embaraça
Ele se nega ao negar
O outro devido à raça
O racista só se apega
Ao fútil e artificial
Preconceituoso mas nega
Seu preconceito brutal
Sua alma é burra e cega
Do ponto de vista moral
Denunciado ele alega
Que foi brincadeira e tal

O racista é desprezível
Humanamente pequeno
Tem a percepção horrível
Suas palavras são veneno
É insensato e insensível
Mas no egoísmo é pleno
Seu perfil é incompatível
Com o tolerante e sereno
Pois o racista ignora
Valores de humanidade
Gosta quando a vítima chora
Ferida em sua dignidade
Ele ofende e vai-se embora
Contente com a crueldade
Perante a polícia implora
Quer viver na impunidade

Ele se desumaniza
Ao querer desumanizar
E então estigmatiza
Quem dele se diferenciar
Na cor e no que prioriza
Seu propósito é negar
Desperta uma ojeriza
Impossível de se evitar
Não tem cura este sujeito
O remédio é a punição
Restam a taca do direito
E as trevas da prisão
Para frear seu preconceito
Uma vez que a educação
Fracassou-se neste pleito
A justiça é a solução

O racismo é uma chaga
Que infecta o interior
A tolerância ele apaga
Planta o ódio e o rancor
Mas sua vítima amarga
Na alma a terrível dor
Quando não mata estraga
A autoestima do amor
A ignorância é branca
E a estupidez é manchada
Essa dupla infecta e tranca
A mente mal educada
O racista não se manca
Que tem a alma infectada
Seu cérebro é uma pelanca
Vencida ou atrofiada

O racista não agride
Alguém isoladamente
Pois sua agressão incide
Sobre o grupo integralmente
No qual a vítima reside
Ou pertence geneticamente
Portanto ninguém duvide
Quem se cala é conivente
O combate a este mal
É ação de cidadania
Ele é um câncer estrutural
Que a sociedade cria
Não se cale pessoal
O silêncio é covardia
Contra esta praga imoral
Levanto a minha poesia

A própria literatura
É um tipo de resistência
Para enfrentar a estrutura
Do racismo com urgência
O bom uso da cultura
Forja nova consciência
Pode alterar a postura
De quem tem inteligência
Meu poema é destemido
Faz denúncias contundentes
Racista há de ser punido
Com penas equivalentes
Às de qualquer bandido
Queremos pessoas decentes
E um mundo colorido
Tons de pele diferentes





