Publicado em 8/12/2025, às 6h07.

Antonio Rocha.
Possui graduação em Filosofia pela PUC Goiás, graduação em Direito, Licenciatura em História, Curso Seminarístico de Filosofia pelo Instituto de Filosofia/teologia de Goiás, Curso livre em Teologia (1993), especialização em Filosofia Clínica, e mestrado em Ciências da Religião pela PUC Goiás. Ex- Professor efetivo da PUC Goiás, foi professor convidado do Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás.

A BEATA ISAURA E O PERSONA CRISTI

Imagem ilustrativa.

Correntina, como qualquer cidade encravada nas rebibocas do interior brasileiro, é palco de histórias e personagens interessantes.
Isaura foi uma senhora que, inconscientemente, marcou o seu tempo e enalteceu a histórica figura de um vigário da cidade. Ocorre que ela o adotou como âncora e bússola perante o curso de navegação da própria vida. Beata desapegada de qualquer posse, ela deixava-se disciplinar exclusivamente pela busca e proximidade da pessoa do ungido. Acreditava, piamente, que aquele sacerdote agia no mundo como se fosse o próprio Cristo, razão pela qual queria e devia estar, a todo tempo e lugar, ao lado do padre.

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A beata Isaura era de tal modo obcecada que, logo ao raiar do dia, partia para a casa paroquial e por lá permanecia até ao cair da noite. Só retornava para casa ao final do dia, para um banho rápido. Imediatamente, corria rumo à matriz, onde era oficiada a santa missa. Isaura era do tipo que não se contentava em ficar no meio da assembleia, pois sentia imperiosa necessidade de subir ao presbitério e ficar ao lado do padre, no altar, como se fosse sua auxiliar. Devido a tal prática, a beata era sempre obrigada a escutar o insistente comando de voz: desça Isaura, suba Isaura, afaste-se Isaura, e assim por diante. Isto porque Isaura não queria desgrudar-se da figura do homem de Deus.

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Muitos atribuíam àquele estranho comportamento, um extravagante fanatismo; outros diziam, porém, que podia ser uma torpe mania e supersticiosa, típica de gente perturbada. Desta forma, ideias e opiniões iam sendo enfileiradas, de maneira independente e com certo teor de malícia. Apesar das opiniões, sabe-se que aquela mulher foi capaz de estabelecer, para si, uma diferenciada opção de vida, semelhante à de uma freira. Foi além e confeccionou um modelo de vestimenta caracteristicamente igual a um hábito religioso.

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Passou a usar, também, um tipo de calçado próprio das devotadas católicas, além de alterar radicalmente o jeito de se arrumar e de se produzir. Tudo isto para bem se apresentar ao Senhor das nossas vidas. Ao estilo de uma monja, Isaura estava sempre ali, nas exéquias, nos ofícios matinais e nos noturnos, bem como nas novenas, nas procissões e noutros rituais. Onde quer que o vigário estivesse, religiosamente se encontrava também aquela humilde e penitente beata.

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Mas, num certo mas indesejado dia, Isaura partiu para a eternidade, levando consigo esperança de alcançar o céu. Muitos dos que a acompanharam na Terra, testemunharam a sua coerente opção de vida. Loucura ou fantasia, fanatismo ou missão, eleita do senhor ou apenas uma oportunista, sobre isto não se pode sentenciar. Sabe-se, apenas, que Isaura era uma pessoa íntegra e afeita àquilo que a crença religiosa classifica de bem. Após a sua viuvez, a beta absteve-se do casamento e dedicou-se inteiramente às atividades da igreja. Isaura era, sem dúvidas, uma pessoa de bons princípios, zelosa, higiênica, auto-cuidadosa, comunicativa, paciente e fervorosa.

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