Publicado em 30/10/2024 às 06h15

Foto divulgação ARS

AS RUAS DE GOIANIA E OS NOSSOS GRITOS!

Aquelas ruas que eu percorri, anos atrás, com faixas na mão e um coração pulsando esperança, ainda continuam lá, como testemunhas da nossa caminhada. Sim, percorremos estradas. Nos pés, sandálias rotas e molhadas, estalando no asfalto, ao som das nossas vozes. Em cada Avenida, uma parada para encher o pulmão e pronunciar gritos e palavras de ordem.

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Quantas palavras, quantas canções de Vandré, Zé Vicente, Chico Buarque, Tom Zé, Taiguara e tantos mais. Seguimos debulhando um rosário de reivindicações. Ilusões? Não, eram utopias que, como brasas, criavam asas e saltavam do peito em chama. Éramos sujeitos proponentes de outro modelo de existência, já que as carências saltavam aos olhos. Por isso a gana, a força, a garra e a determinação! Precisávamos fazer a hora, fazer o momento acontecer, sem esperar mais um instante.

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Foi lá que me encontrei com todas as Marias, todas as Joanas, todos os Joaquins e todos os Josés, com faixas e cartazes empunhados. Todos de chinelos nos pés, caminhando pela Avenida Goiás, subindo a Tocantins, descendo a Araguaia. O carro de som ditava a marcha à frente, enquanto ocupávamos a praça, com o povo a cantar. Quantos poetas e poetisas, quantos repentistas, literatos, jornalistas e artistas se juntaram a nós!

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Um autêntico cordão solidário na luta, na disputa por inclusão nos espaços sócio-político e econômico. Uma verdadeira sementeira dos movimentos sociais que lutam e aspiram por mais vida e por tudo que a sustenta. Sonham com uma sociedade alternativa inclusiva ou, melhor dizendo, concebida no plural. Foi assim que negros e índios, mulheres e outros segmentos representativos foram quebrando resistências e anunciando adesão às pautas reivindicatórias de justiça social. Foi lá mesmo, nas passeatas, que me juntei aos companheiros e companheiras, aos padres, seminaristas, pastores, pastoras, bispos e freiras, para falar de assuntos que a mídia, deliberadamente, omite. Quando o Estado se cala, o povo paga o preço da exclusão, da invisibilidade. Padece e morre à margem da sociedade, vítima permanente da indiferença dos que são eleitos para incluí-lo.

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Hoje, depois de tanto tempo decorrido e corrido, volto a pensar nas mesmas ruas, nas mesmas praças, avenidas e vielas, e busco gente disposta retornar àquelas históricas trincheiras. Não restam dúvidas de que, somente nas ruas e em todas brechas da cidade, o povo decide sobre a própria vida. Ali é onde a gente grita, a nossa bandeira se agita, e assim o mundo pode nos escutar.

Graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Curso livre em Teologia, especialização em Filosofia Clínica, pelo Instituto Packter e mestrado em Ciências da Religião pela PUC Goiás.

ARS 11/11/2019

3 COMENTÁRIOS

  1. Isso é muito bom..povo sem cultura sem ir pra rua é um povo sem história.. já é tempo de voltar! o povo está em um repouso perigoso…

  2. Depois das eleições de 2022 essas manifestações em Goiânia são ostilizas, movimentos da Cut são vistos como movimentos que vão contra o crescimento da cidade. Hoje o discurso da Secretária Estadual de Educação, Fátima Govioli, contra os professores é aplaudido. Depois de 2022 Goiânia não é mais a mesma, ficou xenofobica, coitados do maranheses e paraenses que residem por lá, os Correntinenses tbm não escapa da xenofobia por lá tbm não, sempre tem uma piadinha para escutar, e nem adianta fala a famosa frase “Correntina tá mais perto de Goiânia do que de Salvador” que para eles os Correntinenses não tem diferença do cearense ou do pernambucano.

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