Publicado em 16/07/2025 às 06h21.

Antonio Rocha.
ANTÔNIO ROCHA: Graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Curso livre em Teologia, especialização em Filosofia Clínica, pelo Instituto Packter e mestrado em Ciências da Religião pela PUC Goiás.
Gecilio Souza – Graduado em filosofia pela PUC-GO, mestre em filosofia pela UFG, Bacharel em direito pela UniCEUB, professor, Cordelista e poeta.

E SE PLATÃO ESTIVER CORRETO?
Por Antonio Rocha e Gecílio Souza.

Foto ilustrativa de uma pintura de Plantão no Senado.

Sabe que a teoria daquele homem de ombros largos que, habitualmente, saboreava um vinho enquanto discutia, na praça pública, o mundo e a existência com seus discípulos, ainda é atual? Sabe-se que ele, há aproximadamente vinte e cinco séculos, ousou questionar o regime de governo mais discutido atualmente, a democracia. Com fundamentação lógica e factual, o filósofo atribui à democracia a responsabilidade pela execução do seu mentor e mestre Sócrates, este considerado o mais sábio de todos os homens e a mente mais iluminada dentre os gregos.

Foto ilustrativa de uma pintura de Plantão.

De acordo com Platão, o pressuposto básico e fundamental do regime democrático assenta-se na quantidade, porquanto o governante é o subproduto da vontade da maioria. É aí que, na perspectiva platônica, reside o perigo, pois transfere-se à multidão formada por interesses diversos e antagônicos, poder de decisões que distorcem o conceito de Justiça, de Bem e de Felicidade. O Estado Ideal preconizado por Platão tem como critério basilar a qualidade, não a quantidade. A qualidade, tanto dos governantes como dos governados. Ao invés de um ou alguns indivíduos morrerem tentando ser justos, o Estado deve ser governado pelo sábio (filósofo), que se pressupõe justo. O Estado da época, constituído e governado por pessoas ignorantes, arrogantes e despreparadas, assassinou o gênio da filosofia, pelas razões elencadas no livro o Julgamento de Sócrates. Desde sempre, o poder nas mãos dos estultos é tão nocivo quanto qualquer outra arma nas mãos dos insanos.

Foto ilustrativa de uma pintura de Plantão.

Guardadas as proporções, há um inequívoco paralelo entre o contexto socrático-platônico e as vertigens da democracia atual. O nosso tempo começa já lida com os desafios e a problemática da inteligência artificial, que embala as intrincadas teias das redes sociais. Como na Grécia antiga e na velha Atenas, grupos usurpam competências e reivindicam poder de fala, evocando o princípio da liberdade de expressão e de pensamento. O paradoxo é que, em nome do bem, praticam, difundem e fazem apologia do mal, este consubstanciado no ódio e na intolerância. Valendo-se de uma democracia por eles próprios agredida, desvirtuada e destorcida, enaltecem a mediocridade, a estupidez e a ignorância, em nome da qual elegem projetos absolutamente antidemocráticos.

Foto ilustrativa de uma pintura de Plantão.

As vozes mais estridentes saem da boca dos cérebros envenenados, que se atrevem a negar a ciência, o conhecimento, a racionalidade e o humanismo, agindo como arautos da moralidade e donos do destino alheio. Movidos por interesses estranhos e ofensivos aos valores civilizatórios, instauram tribunais de exceção, constroem verdades artificiais, deturpam sentidos e destroem reputações. Agressivos, avessos ao debate de ideias e moucos aos apelos do respeito à diversidade, menciona a lei maior da nação para justificar a própria licenciosidade e suprimirem as liberdades. O que diria Platão sobre isso?

Foto ilustrativa de uma pintura de Plantão.

Todos sabemos que, em matéria de manipulação do bem, da verdade e da justiça, o gênero humano surpreende sempre. Hoje, tal expertise se traduz no manuseio das armas e das novas ferramentas, que são muito mais eficientes e perigosas, ágeis, onipresentes e letais.

Foto ilustrativa de uma pintura de Plantão.

Talvez se vivessem no nosso tempo, os gregos transpirariam constrangidos e perplexos, face ao culto à ignorância praticado e exaltado por essa gente tacanha que troca a livraria pelas mídias sociais. Ante o exposto, fica a indagação: O temor do Velho e Sábio grego foi em vão?

Antônio Rocha
Gecílio Souza

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