Publicado em 29/10/2025, às 16h29.

Antonio Rocha.
Possui graduação em Filosofia pela PUC Goiás, graduação em Direito, Licenciatura em História, Curso Seminarístico de Filosofia pelo Instituto de Filosofia/teologia de Goiás, Curso livre em Teologia (1993), especialização em Filosofia Clínica, e mestrado em Ciências da Religião pela PUC Goiás. Ex- Professor efetivo da PUC Goiá6ys, foi professor convidado do Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás.

O GRITO DO MAJOR, QUE NÃO FOI OUVIDO PELA CIDADE

O presente ensaio pretende resgatar a memória de uma das figuras mais controversas do mundo político correntinense. Paixões à parte, e excluídos possíveis julgamentos, alguns pontos da governança do Major Félix merecem a atenção e reflexão de gestores e munícipes. Trata-se de um grito abafado que, sem motivos aparentes, não mais ecoa em na atualidade. Pelo menos não com a força que deveria. São ouvidos moucos que, deliberadamente, ouvem apenas o que determina a conveniência. As questões ambientais, sua consequente defesa foram mitigadas e ignoradas.

Foto ilustrativa.

Ainda nos primórdios, dentre tantas façanhas do Major Félix, uma delas foi a sua preocupação para com o ecossistema local. Refiro-me ao famoso Código de Posturas da Cidade que, analisado detidamente, verifica-se avanços naquela legislação de 1937. Ali encontram-se assegurados
cuidados sanitários e ambientais, além da proteção do rio e de todas as espécies de vida. A existência de tal legislação é atestada por Hélverton Baiano, no seu clássico “História de Correntina”. Consta que muita gente testemunhou as reprimendas do Major, ao mobilizar todo o seu efetivo de segurança contra quem ousasse transgredir as leis municipais. Afinal, o que teria provocado esse insight no Major e de onde lhe veio esse surto de consciência? Não se sabe exatamente, mas o fato é que à época as águas do correntina corriam límpidas e cristalinas.

Foto: trecho do livro História de Correntina, do escritor correntinense Hélverton Baiano.

A título de indagação, a propósito do seu aspecto moderno, por que negligenciamos tanto o referido Código? Em Correntina, a degradação aumentou na mesma proporção do crescimento demográfico. Urge chamar atenção do leitor para necessária e urgente tomada de consciência, resgatando os aspectos positivos da legislação que culminou na elaboração do Código. Nele constavam severas restrições à exploração ambiental e regras de caráter educativo. O Código de Posturas do Senhor Major previa sistemáticas proibições e duras punições aos crimes ambientais. Toda e qualquer atividade que contribuisse para a poluição do ecossistema e do rio, era vedada pelo Código.

Foto de Major Félix.

Entretanto, mal podia prever o Major que, num futuro não tão longínquo, as redes de esgotos infestariam o leito do rio. Bem que o intendente da Vila e, posteriormente, prefeito de Correntina, tentou evitar essa lamentável ocorrência. Infelizmente, não crescemos em consciência ambiental e na saudável convivência social. O que aconteceu conosco? Pena que o Código de Postura do major seja avançado demais para a nossa época. Tudo indica que as atuais gerações ignore-o completamente. Afinal, o que fez o Major, quase um século atrás, pensar melhor do que? Talvez seja o caso de relermos o antigo Código de Posturas da Vila, para compreendermos a necessidade de sua implementação. Ele já deve estar com cara de velho, meio amarelado e talvez carcomido, mas muito atual. E por que não dizer avançado para o comportamento social e a responsabilidade ambiental da nossa época?

2 COMENTÁRIOS

  1. EM RESUMO, NAQUELA ÉPOCA, TÍNHAMOS MAIS CONSCIÊNCIA QUE HOJE!? INFELIZMENTE NÓS, HUMANOS NÃO MEDIMOS CONSEQUÊNCIAS PRO FUTURO. PORÉM, NUM PAÍS ONDE AINDA NÃO SERESPEITA A CONSTITUIÇÃO, CARTA MAGNA DA NAÇÃO, O QUE ESPERAR! RECENTEMENTE, FALOU-SE EM IMPLANTAR A ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DO ESGOTO DA CIDADE! PELO VISTO FICARÁ SÓ NO PAPEL! ENQUANTO ISSO, GASTA-SE MILHÕES COM CARNAVAL, LANCHES ETC. EM BENEFÍCIO DE POUCOS.

  2. “eu vejo o futuro repetir o passado ” nesse caso eu vejo o passado melhor que o futuro! estamos por um fio de em poucas décadas a gente comer pequi transgênico, e todos frutos do cerrado desaparecer como;pequi puçá.caju, grão de galo, mangaba,. aqui no município quase ninguém conhece mais um pé de mangaba. triste realidade.. o major estava certo. e vendo o futuro na sua porta

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