Publicado em 10/11/2025, às 6h30.

Antonio Rocha.
Possui graduação em Filosofia pela PUC Goiás, graduação em Direito, Licenciatura em História, Curso Seminarístico de Filosofia pelo Instituto de Filosofia/teologia de Goiás, Curso livre em Teologia (1993), especialização em Filosofia Clínica, e mestrado em Ciências da Religião pela PUC Goiás. Ex- Professor efetivo da PUC Goiá6ys, foi professor convidado do Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás.

ZÉ BRITO, UM AUTÊNTICO ROSTO SERTANEJO REVELADO PELA CIDADE.
Por Antonio Rocha.

Foto de José Brito – (imagem fotógrafo Givaldo Pereira)

O ser humano sobre o qual versará o presente artigo é uma das figuras mais queridas do universo social correntinense. Oriundo das profundezas do sertão, rompeu paradigmas, transpôs muros, até instalar-se na cidade. Tudo sugere que José Brito nasceu para brilahar, razão pela qual ocupou espaços e atraiu a simpatia de toda a gente da região. Homem de cútis negra, origem humilde e dotado de invejável simpatia, saiu dos grotões para desenvolver seus dons no circuito urbano. Assim que se desembarcou em Correntina, com propósito de desenvolver seu fino gosto pelo belo, pela arte, pela estética, pelo folclore, pelas rezas e pela tradição cultural do município, procurou uma escola que pudesse atendê-lo.

Foto de José Brito em evento cultura da Encomendadeiras de Almas – (imagem: fotógrafo Givaldo Pereira)

À medida que se desenvolvia na leitura e na descoberta desse novo mundo urbano, foi igualmente conquistando espaços e transitando livremente pela nata social, mas sem perder nem trair as suas origens. Não obstante, Brito jamais deixou de frequentar os lares pobres, tampouco de dialogar com as mulheres humildes. Costuma orientar as crianças e ainda cuidava de organizar os cultos católicos, celebrados tanto na cidade como roça. Notabilizou-se, também, por revelar-se um moço de bom gosto estético.

Foto de José Brito em evento cultura da Encomendadeiras de Almas – (imagem: fotógrafo Givaldo Pereira)

Operoso, Brito cuidava das belas e exuberantes ornamentações dos eventos festivos, além de dominar uma boa e genuína arte culinária. Optou pela vida de solteiro, sem jamais manifestar qualquer sinal de solitária amargura. Com inata capacidade de interagir, habitualmente os salões de beleza, as festas, os sambas de roda das pontas de ruas, os finos bailes da cidade, os grandes eventos cívicos e os religiosos do mundo eclesial. Pelo que se pode deduzir, Zé Brito era uma pessoa de alma incomensuravelmente generosa e plena de bondade.

Ele sabia, como ninguém, recepcionar e acolher, em sua própria residência, as pessoas que o procuravam. Hospitaleiro, preparava jantares para os seus convivas, organizava encontros de confraternização em sua moradia, com o afinco de estreitar os laços de amizade. Sujeito inventivo, empático, sensível e profundamente solidário, por ser amigo fiel e companheiro em todos os momentos da vida. Raramente perdia uma festa de aniversário, mas também não deixava de ir a velórios, chorar a dor da perda de alguém.

Foto de José Brito (imagem: fotógrafo Givaldo Pereira)

Sempre antenado, Zé Brito era bem informado e conhecia todos os segredos dos cidadãos correntinenses. Extremamente atento aos sinais dos tempos, acompanhava com interesse os desdobramentos da Urbe. Interessado nas tradições da cidade, ajudou a recuperar traços e movimentos culturais que tinham se perdido no tempo, como no caso das encomendações, rezas e cantilenas antigas, das canções de lamento e dos ofícios de nossa senhora, da tradição católica do lugar. Por tudo isso é que Brito angariou fama e conquistou o mundo, através de sua participação nos eventos culturais, para além da cidade e do Estado da Bahia.

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