Publicado em 21/11/2025, às 6h13.

Colunista Fred Bar.

Correntina e a Realidade Invisível das Mães Atípicas: a Luta Diária em Busca de Apoio, Respeito e Políticas Públicas

Foto ilustrativa

Nesta semana, um desabafo de uma mãe atípica repercutiu nas redes sociais após críticas ao apresentador Marcos Mion,  por uma “romantização do autismo” na mídia.  Para ela, a realidade mostrada por Mion não reflete, nem de longe, a vivência das mães que enfrentam diariamente a falta de políticas públicas, o despreparo do sistema e a ausência de apoio financeiro para lidar com as necessidades dos filhos.

Foto ilustrativa.

A discussão reacende um alerta urgente: Correntina precisa abraçar suas crianças autistas e suas mães atípicas, que carregam uma rotina silenciosa, exaustiva e quase sempre invisível para a sociedade.

Foto ilustrativa.

Apesar da existência de um grupo de WhatsApp e de uma associação, as iniciativas ainda são tímidas diante das demandas reais. Muitas mães se recolhem por sobrecarga emocional, falta de informação ou ausência de estrutura. Outras tentam resistir diante de um sistema que ainda não se mostra preparado para acolher plenamente crianças com diferentes graus de autismo.

Foto ilustrativa.

Para compreender melhor essa realidade, eu, FredBar, convidei uma mãe responsável por uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) Grau III, severo, que passarei chamá-la de Eva,  para proteger sua verdadeira identidade. Mas quero mostrar seu verdadeiro dia-a-dia, sem o romantismo. Ana que compartilha sua história de forma emocionante e honesta. “Eu só existo para cuidar dela” — A rotina que não aparece na televisão, diz Eva.

Fred Bar – Qual é o grau de autismo da sua filha?

Eva – “É grau III, severo.”

Fred Bar – Antes de ter sua filha, você imaginava a complexidade de ser mãe atípica?

Eva – “Não. Eu não tinha conhecimento sobre o autismo, nem noção do que seria.”

Fred Bar – Como é a divisão do seu tempo hoje? Consegue ter tempo para você?

Eva – “Não tenho. Eu só existo. Ela é prioridade em tudo.”

Fred Bar – Como você percebe o olhar da sociedade?

Eva – “Tem muitos julgamentos. Uns por não ter conhecimento, outros por não saber a pura realidade de uma mãe atípica.”

Fred Bar – Quais são as maiores carências da rede pública?

Eva – “Muitas falhas, pouco caso. Quando colocam um profissional, o atendimento fica uma vez no mês.”

Fred Bar – As mães têm meios para trocar experiências e se fortalecer?

Eva – “Estão tentando formar uma associação para ver se conseguimos alguma ajuda.”

Fred Bar – Que conselho você daria?

Eva – “Não tenho nem o que dizer, pois cada autista é único. Só o tempo e a convivência.”

Fred Bar – Você tem esperança em maior conscientização?

Eva – “Os políticos vivem só de promessas. A sociedade, alguns, não têm noção do quanto é difícil a vida da mãe e da criança.”

Fred Bar – Você teve apoio para aprender a lidar com o autismo?

Eva – “Tive apoio de profissionais me orientando, e o resto foi descobrindo a pura realidade desse mundo totalmente difícil.”

Fred Bar – O que você pensa sobre Marcos Mion nas redes sociais?

Eva – “Ele coloca a vida tão fácil, porque sempre teve atendimentos do bom e do melhor para o filho. Eu creio que ele nunca viveu a realidade do SUS. Sempre teve cuidadores. Queria ver se fosse viver a realidade do interior, se seria essa melodia do autismo.”

Foto ilustrativa.

A fala dessa mãe ecoa a realidade de centenas de famílias do nosso País. Faltam políticas públicas, atenção especializada, informação e apoio social. Falta acolhimento. Falta empatia.

Foto ilustrativa.

Porque, enquanto a sociedade silencia, essas mães seguem lutando — muitas vezes sozinhas — para garantir dignidade aos seus filhos.

Foto ilustrativa.

Correntina precisa urgentemente criar políticas de apoio às mães e crianças autistas, estruturar serviços especializados regulares, fortalecer grupos e associações, promover campanhas de conscientização e, sobretudo, ouvir as mães que vivem essa realidade todos os dias.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.