Publicado em 24/10/2025, às 6h10.

Gecilio Souza – Graduado em filosofia pela PUC-GO, mestre em filosofia pela UFG, Bacharel em direito pela UniCEUB, professor, Cordelista e poeta.

FILOMUSIA
Por Gecílio Souza

O poeta e o cantador
Firmaram uma parceria
Um se encarrega da letra
O outro põe a melodia
Deste enlace musical
É que nasce a cantoria
A música é poesia cantada
Cantar é interpretar a poesia

Na música há filosofia
Quando a letra não enrola
Todo instrumento é nobre
Porque alegra e consola
Faz a alma elevar-se
Para o alto se decola
O espetáculo fica pleno
Com o violão e a viola

Até o pássaro na gaiola
Inconformado se vira
Por não poder cantar livre
Sua instintiva catira
A Musa deusa da música
Lá das alturas suspira
Nem a divindade resiste
Ao som da viola caipira

A tristeza se retira
Carregando a solidão
Ambas fogem assustadas
Jamais permanecerão
Onde há voz e instrumentos
Presentes em cada canção
O céu pisca para ouvir
A viola e o violão

O público levanta a mão
Bate palmas e aplaude
A música é um requisito
Da própria felicidade
Sem ela a vida seria
Chata e sem qualidade
Monotonia estressante
Que mata a criatividade

Nietzsche disse a verdade
Quando assim sentenciou
Sem música a vida seria
Um erro que se efetivou
Ela é o máximo grau da arte
Que conecta e conectou
O corpo e a mente humana
E à linguagem superou

Alguém já imaginou
Se a música não existisse?
E o som de um instrumento
Ninguém no mundo ouvisse
Morreríamos de tédio
Celina Missura disse
O que os sábios disseram
Fez com que eu concluísse

Foto de Celina Missura.

Que se a viola sumisse
Com a sanfona e o violão
Se o piano e a harpa
Tomassem igual direção
O órgão, a flauta e o pandeiro
Calassem-se de chateação
A vida seria um castigo
Trabalho sem diversão

Se o trompete ou pistão
Deixassem de existir
O pandeiro e o cavaquinho
Resolvessem aderir
Ao silêncio musical
Para nunca mais tinir
Ninguém sobreviveria
Sem músicas para ouvir

E é possível garantir
Com certeza absoluta
Se a flauta e o saxofone
Abandonassem a labuta
O violino e a guitarra
Depois de alguma consulta
Desistissem de atuar
A vida seria mais curta

Numa necrotérica disputa
Entre o tambor e a bateria
Decidisse quem primeiro
Do mundo desapareceria
O zabumba e o triângulo
Engrossassem a parceria
Num fardo insuportável
A vida se transformaria

Se a clarinete um dia
Resolvesse se calar
Por empatia com os outros
Recusasse-se a tocar
E a rabeca solidária
Decidisse renunciar
As musas no paraíso
Certamente iriam chorar

Elas que foram inventar
Tão sublime distração
Porque música vem de Musa
Que fantástica invenção
A vida tem mais sentido
Graças ao som e à canção
Na melodia da Sanfona
Da Viola e do Violão

A título de conclusão
Do que tirei da cachola
Mandei bordar instrumentos
Em minha camisa, na gola
Aos músicos e compositores
Passo a palavra e a bola
Viva a música caipira
Vivam o violeiro e a viola!!!

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