Publicado em 02/09/2024 às 10h10

A tecnologia imita a natureza

Teoney Araújo Guerra*

O título desta crônica traz ao conhecimento do leitor uma conclusão a que chegamos: eu, Zeni, Sessé e Edson de Nascimento, durante uma conversa no Cana’s Bar, estabelecimento que é mais conhecido como Bar do Nego Tota, o bar mais tradicional daqui de Correntina.

Cana’s Bar.

O momento dessa conclusão “de grande relevância científica” (sic!), ocorreu quando, uns, sentados dentro do bar, à mesa, e outros na calçada, também em cadeiras, ao redor de um banquinho de madeira que servia de mesa, realizávamos uma daquelas rodas de conversa triviais, naquele estabelecimento, especialmente nos fins-de-semana.

Cana’s Bar.

A sexta-feira ia lá pelo meio-dia, e o papo rendendo, entre generosos goles de cerveja. Alguém já havia insinuado que o dono do estabelecimento desligara o freezer à noite, ao reclamar que, àquela hora do dia, a cerveja não estava bem gelada. E a partir daí, a conversa descambou para a política, o assunto mais tratado nessa época de campanhas eleitorais. Daí um puxa outro assunto, outro conta uma piada, e em seguida, se fala de quase tudo, inclusive, da vida alheia. Que ali, naquele ambiente, é pauta favorita dos maledicentes, todo dia.

Cana’s Bar.

De repente o papo se torna “intelectual”, e alguém fala em tecnologia… nas maravilhas do controle remoto, da inteligência artificial, do conforto, da comodidade que já permite que as pessoas desfruem, por exemplo, da capacidade de comandar à distância, quando se sai do trabalho, ligar o ar condicionado da residência, e quando lá chega, já encontre a casa com uma temperatura agradável. Aí se fala dos avanços da tecnologia no Japão e na Coreia do Sul, onde, também à distância, as pessoas já acionam outros eletrodomésticos, como o micro-ondas, a TV, etc…

Cana’s Bar.

Não tarda, e se fala dos automóveis autônomos, que são considerados, unanimemente, o objeto de consumo de quem “toma todas”… pois, já é possível entrar “trêbado” no carro e ir para casa sem a necessidade de dirigir. Sessé se imagina sentado dentro de um desses veículos, voltando para casa, em Salvador, sem se preocupar com as blitze. “Imagina… posso estar dormindo, morto de bêbado, que o carro segue por todo o caminho, e para na porta de casa, é mole? Onde já se viu isso?”, indaga. Nesse momento, Zeni intervém, e traz à lembrança uma situação comum nos fins de feira em Correntina, quando, ao final do sábado, homens que moram na zona rural retornavam para a residência, bêbados, montados nos cavalos. “Iam com o corpo pendendo ora para um lado, oura para outro, mal conseguindo se manterem sobre a cela”, diz. “O que acontece?”, indaga e logo ele mesmo responde: “o cavalo levava quem o montava, para sua casa, a quilômetros da cidade, sem ser preciso o cavaleiro, sequer, mexer na rédea para guiar o animal”. E conclui, desafiador: “não é a mesma coisa desses carros autônomos?”

Cana’s Bar.

Nesse instante, coincidentemente, todos se calaram, causando um silêncio geral, que durou não mais do que uns dois segundos, e a seguir, Sessé, rindo, arrematou: É… estamos descobrindo algo muito importante, que hoje, a tecnologia está imitando a natureza”. Riso geral!!!

O episódio pode não ser tão engraçado assim, mas o leitor há de entender que, depois de algumas cervejas, o bom humor aflora, e não havia como não acharmos hilária a conclusão a que chegamos. O não?

*Teoney é jornalista provisionado, escritor e frequentador… quase assíduo, do Cana’s Bar.

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