Publicado em 07/12/2024 às 15h35
As Lapinhas – Entre pedras e brinquedos, a fé se sobressai.
Por Vanilson Cardoso
Caros leitores, é tempo de abrir as caixas, desenrolar o presépio, é tempo de Lapinha. A Lapinha é uma representação de um presépio, mas com uma abordagem mais criativa e contextualizada, incorporando elementos da realidade que nos circunda.
Agregando as pedras Estalactites ou a madeira de Barriguda, que possui uma beleza significante, muitas das lapinhas do nosso município são ricas de diversidades. Carregam consigo várias manifestações culturais com elementos em miniaturas que postos na areia, trazem um simbolismo profundo.
As lapinhas representam o nascimento do Menino Jesus, contudo, elas representam também a aproximação do cotidiano a Deus. Quem poderia imaginar que no nascimento de Jesus iria ter um grupo de cangaço; ou tantos animais; ou ainda uma banda de filarmônica? Por isso, as lapinhas não são um presépio tradicional com Reis Magos e Ovelhas. As lapinhas são uma contextualização do simples.
As lapinhas fazem parte de uma cultura muito popular. Em nosso município existem várias que estão ligadas às Folias de Santos Reis. Já na cidade, algumas Lapinhas são levantadas há décadas, como, por exemplo: a da casa de João Binga, das Irmãs Maria da Glória e Verônica, a da Casa de Marininha. Na praça da Câmara temos a de Wedem di Sordi e a da Casa de Louro, bem como a Prefeitura promove uma na Casa da Cultura. Quem do bairro São Lázaro não se lembra da Lapinha de Maria de Zuquinha? Essas são algumas das várias espalhadas na cidade.
Fato é que essa manifestação religiosa popular é um marco secular da nossa cultura. O literário Jorge Amado defendia que “acultura popular é a expressão mais autêntica da alma humana “. Assim acreditamos que as Lapinhas refletem essa expressão da alma, sendo um ato simples onde o que sobressai é a fé.
Deste modo, convido os leitores que não conhecem a aderirem a visita às Lapinhas. Façam a experiência e lembre-se que Lapinha é cultura.
Finada Maria e madrinha do meu pai e irmã de meu avô Zacarias, sempre fomos visitar a lapinha de Maria de Zuquinha acompanhando o reizado. A casa dela era onde hoje se encontra o verdurão sacola cheia.
Aos poucos estamos perdendo um pouco da memória de nossa cidade.