Publicado em 14/04/2025 às 06h15.

O MENINO QUE A DITADURA MILITAR PERSEGUIU.
Por Antonio Rocha de Souza.
Ele era apenas um menino, como qualquer outro, que se tornou adolescente cheio de sonhos e buscas. A despeito de sua tenra idade, despertou-se para a leitura dos grandes clássicos da fina literatura, nacional e internacional. O garoto nascido no Rio de Janeiro-RJ, alfabetizado aos 4 anos por sua mãe, lia na biblioteca de sua casa, nas bibliotecas da escola e da cidade, aquilo que haveria de nortear a própria vida.

Também pudera! Filho de um engenheiro civil judeu-romeno que se estabeleceu no Brasil, fugindo dos pogroms e do regime nazista instalado em seu país de origem. Sua genitora, uma baiana, de Salvador, extremamente culta professora de literatura, poliglota, fluente em 3 idiomas. Faz sentido o filho cultivar esse interesse pelo conhecimento.


Neste ambiente é que o menino Paulo foi se moldando e definindo o seu caráter, o seu espírito irrequieto e combativo. Não custou virar líder estudantil e encabeçar cordão de greves em plena época que vigorava a força bruta das interdições, do cerceamento dos direitos, da vigência do AI-5 e ostensivo patrulhamento instituído pela ditadura militar. Paulo tinha apenas 16 anos de idade, quando foi capturado pela policia e submetido à brutal tortura no na capital baiana, onde vivia e estudava. Por pouco o adolescente não teve o mesmo fim que tiveram milhares de brasileiras, e brasileiros, oficialmente mortos ou “desaparecidos”.

O fato é que o precoce militante, após conquistar a liberdade, continuou no olho do furacão e na mira da ditadura militar. Foi então que a organização do PC do B (Partido Comunista do Brasil) o enviou ao sertão da Bahia. Lá mesmo, no afastado Couro de Porco, município de Correntina-Ba, terra de ninguém. Aliás, terra de ninguém, não. A propósito as terras tinham donos, pois ali remanesciam posseiros. Pequenos proprietários que alimentavam as suas famílias com os parcos recursos retirados do chão. Um lugar fora da grande civilização, sem luz elétrica, sem transporte viário, sem telefone, sem posto médico, sem escolas, desprovido de tudo, do que o nosso adolescente estava acostumado a desfrutar. Foi lá que escondera o Adolescente. Entretanto, Oisiovici não se intimidou e nem se amofinou. Camarada de coragem e de determinação inigualável, fez daquele lugar sua casa e, daquele povo, sua missão de conscientizar, educar, valorizar e proteger.






Ali Paulo estruturou a vida, casou-se, formou família e um roçado, onde trabalhava de sol a sol, rompendo eito, igual a qualquer camponês nativo que nunca teve a chance de, sequer, ir à pequena cidade de Correntina, quanto mais à Salvador da Bahia. Com o suor do rosto Paulo fez fartura nas terras lavradas com suas próprias mãos calejadas. Além de camponês, agricultor, extrativista, coletor, diarista, Paulo se dedicou a ensinar crianças e adultos analfabetos, filhos de um sertão abandonado pelo poder público.




Paulo não se ocupou apenas do letramento e do aprender a codificar e decodificar símbolos, mas ele educou para a vida, para a rebeldia, para a indignação, para a liberdade, para a intransigência na defesa dos direitos, para a valorização da terra e da dignidade dos camponeses. Não tardou a chegarem reflorestadoras, nos fins dos anos 70 e início dos anos 80, àquele lugar. Essas, por meio da grilagem, abocanharam empurraram, fustigaram e expulsaram posseiros. Foi então que os moradores da região valeram-se dos ensinamentos e do processo educativo para a consciência crítica e a resistência política, ministradas pelo professor Paulo, ao lado de seu companheiro, Wilson Martins Furtado.

Uma das páginas mais belas da biografia do professor Paulo é sua façanha de ter educado sua própria filha caçula juntamente com os filhos dos camponeses, na sala de chão batido da própria casa. Ali, ele educava, ensinava, instruía, não só para a leitura dos livros, mas para a leitura da vida e do mundo. Essa educação impactou, não só a comunidade dos geraizeiros, mas também sua própria filha caçula, Gisele, que hoje é bem sucedida. Diga-se, com justiça, que ela mora em Brasília, graduada em Administração e Economia e fluente em 3 idiomas, tendo estagiado no Ministério da Fazenda, Ministério do Planejamento, Senado, CNPq, proprietária de uma empresa de consultoria empresarial. Fiel à sua militância e ao compromisso com um mundo mais justo e solidário, Paulo continua engajado como militante, defensor incansável dos direitos e garantias dos cidadãos, agindo e atuando em todos os campos e áreas.





Tendo, percorrido vários países europeus: Portugal, Espanha, Romênia e outros, Paulo Oisiovici concluiu o Mestrado em História Contemporânea do Porto, a mais conceituada universidade de Portugal, para em seguida voltar a morar no mesmo lugar de onde saiu. O nosso personagem, historiador, tradutor, professor e autor de uma das mais importantes obras científicas sobre Stálin – Stálin os Manuais de Portugal e Brasil (Appris, 2023) que é a comunicação de sua pesquisa de Mestrado atualizada – é o tipo classe média, de pais letrados e que, por imposição de seus ideais, virou camponês, lavrou a terra, cortou lenha, carpiu o chão, para depois virar intelectual, professor, escritor, tradutor e autor de uma das mais importantes obras sobre Stalin. Não obstante o conceito que recebeu, continua o mesmo professor Paulo. Firme na busca por justiça, igualdade e dignidade humana, segue estimulando as consciências de seus alunos, nas escolas simples do município de Correntina. De sua luta resultou a fundação de sindicatos, associações, cooperativas e muita resistência política na construção da defesa dos moradores do Couro de Porco.













Para conhecer melhor o nosso personagem leia bibliografia indicada:
AUGUSTO, Everaldo. Semeador de Liberdade: Wilson Furtado, Vida e Luta. Salvador: Assembléia Legislativa, 2014.
MARQUES, Pedro. Projeto Vidas e Obras. Entrevista a Paulo Oisiovici – Mestre em História Contemporânea. https://projectovidaseobras.wixsite.com
A TARDE. Dia Agitado no Central. 1 de setembro de 1980.
TRIBUNA DA BAHIA. Central diminui pena de alunos e acaba conflitos. 2 de setembro de setembro de 1981.
OISIOVICI, Paulo. O vento da história retira o lixo depositado sobre o túmulo de Stálin. Jornal PRAVDA.RU. Federação Russa. 20 de dezembro de 2018. https://port.pravda.ru
OISIOVICI, Paulo. Stalin nos Manuais de Portugal e Brasília. Curitiba:Appris, 2023.
OISIOVICI, P.; MOREIRA, Nuno Bessa. Em defesa da historicidade: Karl Marx lido por Allan Megill. Colóquio Internacional Marx 200 anos. Universidade do Minho. 2018. www.lasics.uminho.pt
OISIOVICI, Paulo. RGASPI – Archivio di Stato russo di storia sociale e politica. WordPress.com https://marxismoleninismos.wordpress.com
SNI – SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÃO. Agência de Salvador. INFORMAÇÃO Nº 000036/19/ASV/83. 14 DE JUNHO DE 1983. II CONGRESSO DA UNIÃO DOS ESTUDANTES DA BAHIA (UEB). DOC. 005562/83. MICROFILME.

A história tem dois lados e com certeza, entretanto pouca se explica a ênfase das razões de ter ocorrido a intervenção militar.
Por que ela ocorreu?
O que faziam ou pretendiam os comunistas e seus guerrilheiros?
Que mal há, encoberto, em um regime político?
Se e’ algo tão bom, por que apenas 5 países no mundo adoram o regime em uma essência comum, tão incomum?
A intervenção militar foi uma guerra contra o comunismo e guerra tem consequências para ambos os lados. O brasileiro nunca viu uma guerra, nem viveu ou tem conhecimento o que é viver um regime comunista. Só muda o nome, mas é o mesmo que a “dita-dura”.
O período de 61/64 foi o ponto alto do sentimento anticomunista no país. As guerrinhas, sequestros, assaltos a bancos para financiar as guerrilhas, contra o exército, trouxeram consequências e assassinatos de inocentes cujo sangue está nas mãos de ambos.
É um insano aquele que defende uma ditadura, como o outro que defende invasão de patrimônio privado. Igualdade só se tem em regime democrático.
Hoje vemos que a cartilha de Antônio Grams foi implementado com sucesso absoluto;as universidades federais viraram antro de indecências e ideologias doutrinárias, as escolas perderam a objetividade de educas, mas sim doutrinar segundo interesses e conveniências. O STF órgão supremo da justiça, tomado por meliantes togados que declararam descaradamente suas vertentes políticas.
Abriam as celas para criminosos periculosidade tais Cabral, Pezão, Dirceu, Gadelha, Lula; mas manteve preso Palocci por ter entregue o sistema, acabaram com a lava-jato o maior esquema de corrupção já visto no país que devolveu bilhões aos cofres públicos, mas soltaram os cerimoniais engravatados.
Nem aquele nem esse é o Brasil da democracia plena. Vivemos sim a ditadura da Toga, a democracia de excessão. Isso não é democracia!
O que seria desta nação se os militares não nos defendesse dos intentos do Comunismo! Não seríamos uma China seria muito, talvez uma Venezuela ou uma desgraçada Cuba.
Ditadura não é um sorvete de avelã, que refresca o ar; nem guerrilhas é uma proteína alimentar; ambas tem suas conveniências e o que nos diferencia é o ponto de vista ou as conveniências do interesse pessoal.
O homem tem defeito ao direito de ser livre, ser dono de sua propriedade invadida pelos sem-terra, sem honra, sem pátria mas o bando é apoiado pela esquerda.
Os cinco países comunista da atualidade tiveram que ajustar a conduta do regime; a
manutenção do sistema ligado ao comunismo, teve que passar por diferentes processos de adaptação para sobreviver às duas últimas décadas.
Vivemos um país onde o crime político compensa; a moral atual homens dos públicos está em temporada de liquidação.
Acabamos de exercer o direito democrático de pensar diferente, sem nos declarar inimigos.
Democracia é a essência do homem livre pra pensar e não induzido a princípios que ele desconhece.
O professor lutou por aquilo que ele acreditou ou acredita entretanto o meu direito não está acima da liberdade do outro.
Vida que segue, cada um por aquilo que crê.