Publicado em 30/06/2022 às 12h32

 

   TEMPO DE TRABALHO, RESPEITO GARANTIDO

   Sou da época em que o recreio escolar tinha a duração de meia hora, as férias escolares quase três meses, o horário de aulas das 08h às 12h e no período da tarde era exatamente o mesmo tempo em sala de aula das 13h30 até as 17h30. Um tempo tão, mas tão sofrido que de verdade não sei como eu e os meus colegas conseguíamos. O ensino era quase que ditador, a era do construtivismo chegou eu já estava quase saindo, foi um reboliço só, não tínhamos formação e tudo precisava melhorar e de verdade melhorou, o professor já não era o único que sabia, os alunos começaram a ter mais voz e muito mais vez, houve uma queda na aprendizagem por falta do conhecimento dos profissionais, chegava a ser engraçado.

Foto: Divulgação

   Os professores novatos do concurso do ano de 2002 estavam chegando, com novas ideias, novas metodologias e o gestor da época foi reconhecido, a educação estava melhorando, mas não foi ele e muito menos a gestão da época, foram como sempre os professores que já compreendiam a dinâmica do que seria construtivismo.

   E ao longo do tempo tudo foi melhorando, o plano de carreira, o apoio do Sindicato dos Trabalhadores de Educação de Correntina (SINDITEC), a evolução através da internet, livros didáticos mais atrativos, paradidáticos, sala de informática para algumas escolas, graduação para os professores, ônibus para os alunos e a educação enfim,  já era reconhecida e muito mais valorizada, começaram a busca por mais faculdades, agora a profissão já não era mais digna de dó e sim o desejo de muitos, mas não era o ofício de mestre que muitos sonhavam, o desejo era o salário digno e uma carga horaria mais humana. Chegamos a melhores condições, tem muito que melhorar, mas certamente os professores alcançaram direitos nunca sonhados no tempo em que trabalhei.

   Agora imagine só, uma gestão municipal tentando a todo custo derrubar o que com tanto esforço foi conquistado. Estou daqui observando de camarote o desrespeito que esta classe tão sofrida vem vivenciando. Fico a pensar… será que o professor nunca terá reconhecimento e valor?

Foto: Grupo Relíquias de Correntina.

   O salário é o problema da ambição e inveja. As palavras são pejorativas, bem deselegantes para o vocabulário de um professor, mas não há como florear a maldade que esses profissionais vêm sofrendo, todas as profissões podem melhorar o salário, professor não. Advogado, médico, dentistas, enfim, não há reclamações, não existe dificuldade, mas o professor sempre viveu essa desarmonia, o que seria de nós se não fosse o salário, uma vez que só recebemos energias negativas emanadas por um município inteiro. Apenas os pais, as crianças e os comerciantes gostam de professores. Verdade!

Foto: Blog – A hora da verdade

   A nossa história é sofrida, para chegar aonde à educação se encontra,  já passamos por muitos sofrimentos e posso dizer que o ensino melhorou, o reconhecimento em nível nacional também melhorou e agora vem um documento por ordem de um gestor juntamente com um tal jurídico municipal ditar como será pago o piso salarial dos professores que por Lei a categoria já deveria estar recebendo desde o mês de janeiro deste ano.

Foto: Movimento dignidade ao professor.

   Ninguém nunca questionou o porquê de tal desvalor com os professores, a proposta que o gestor propôs é imoral, não que os profissionais mais jovens não mereçam salários melhores, não é sobre isso, o erro está em estagnar o salário e os direitos. Os veteranos têm uma história, dificuldades vividas que ninguém imagina, quarenta horas aulas em sala de aula, fazia sol ou chuva, recebendo um salário de duzentos e trinta reais, sem direito a ajuda de custo, nunca fizeram greve, passavam a semana inteira longe das suas famílias porque não havia transporte e hoje serem comparados aos professores das classes A e B. Vamos ser mais humanos, dignidade dá a quem merece, mais reconhecimento e valores para quem vivenciou as dores da profissão.

   Não sei se entendi, espero não está equivocado, mas o salário de quem tem vinte anos de trabalho será comparado ao de quem está só há cinco anos. O artigo 2º do projeto de lei apresentado no dia 23 de junho ao qual tive acesso através do grupo de WhatsApp do SINDITEC.

   A pior situação é ficarmos nas mãos dos vereadores, humilhante.

   Vamos entender o que houve, por que o projeto não chegou até a Câmara Municipal de vereadores? Depois de tanta divulgação, anúncios, estávamos lá esperando, mas não chegou, não foi para a pauta do dia. Os vereadores estavam lá e não perderam a oportunidade de fazerem politicagem, a maioria ficou ao nosso favor, pelo menos foi o que os discursos ditos demonstraram.

Foto: Siprom

    A mobilização e a informação são as mais éticas e eficazes formas de compreensão e reivindicação dos direitos. Vamos a Câmara de Vereadores, mostrar que estamos atentos, saber a formação dos vereadores do município de Correntina, é importante sabermos, investigarmos quem são os nossos representantes. Segundo o livro didático de Geografia no ano que lecionei, ainda chamada 2ª série do primário, estava bem legível. “Quem faz às leis do município são os vereadores”.

Foto: Divulgação CMC

 

   A realidade é triste, mas eu acredito na força e união dos profissionais desse município. Foram à Câmara, reivindicaram.” Juntos somos mais fortes”!

   Não temos mais recreios de meia hora, mas temos conhecimento e informação o bastante para não aceitar tamanha injustiça.

Estamos juntos!

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