Publicado em 22/06/2025 às 10h01.

Morre Donária Guerra, a primeira enfermeira de Correntina.

Foto: Donária Guerra no curso enfermagem obstétrica e enfermagem.

Devido a complicações diversas e uma pneumonia que agravou ainda mais o seu estado de saúde, faleceu na madrugada deste domingo, dia 22, Donária da Silva Guerra, mais conhecida como Dona Narinha.

Donária Guerra no seu 96º aniversario acompanhada por familiares.

Dona Narinha foi a primogênita dos 10 filhos naturais de Pedro Guerra, ex-farmacêutico, ex-vereador e ex-prefeito de Correntina, e Rodesina da Silva Guerra – já falecidos. Casal que teve ainda, três filhos (as) adotivos.

Donária Guerra no seu 96º aniversario acompanhada por familiares.

Formada em enfermagem obstétrica e em enfermagem, respectivamente pela escola de Enfermagem Hugo Werneck, em Belo Horizonte (MG), no ano de 1946, e pelo Centro Educacional São Vicente de Paulo em Bom Jesus da Lapa, em 1980, Donária foi a primeira enfermeira formada a servir à população correntinense. Tendo prestado, durante três décadas, relevantes serviços na área da saúde.

Assim que se formou, Donária veio trabalhar em Correntina, onde nasceu, passando a fazer os partos que, até então, eram realizados por senhoras sem a devida qualificação, e a realizar um trabalho importantíssimo, na conscientização das gestantes sobre a importância dos exames do pré-natal, e noções de saúde em geral.

Donaria Guerra à esquerda acompanhada dos pais na Farmácia Sem Rival em Correntina.

Na época, a enfermeira trabalhou na Fundação SESP (Fundação Especial de Saúde Pública), órgão que cuidava da saúde pública no Estado da Bahia. Como enfermeira obstétrica, realizou 789 partos, todos anotados com os nomes das mães e o horário do nascimento de cada criança, em um livro que ela guardou por todo o restante da sua vida.

Durante uma epidemia de tracoma – doença infecciosa que ataca os olhos – que assolou o município de Correntina no final da década de 1940, Narinha, juntamente com outras duas enfermeiras: Dona Netinha Rocha e Irmã Ginelise Domingues, fez o atendimento temporário dos doentes, até que uma equipe enviada pelo Ministério da Saúde, composta por três médicos e duas enfermeiras viesse para Correntina e aqui fundasse o Posto do Tracoma, e em dois meses, deu cabo à epidemia.

Donária Guerra no seu 96º aniversario acompanhada por familiares.

Dona Narinha fez também diversos atendimentos, inclusive partos, particularmente, mas sem cobrar pelos serviços.

Acometida de problemas de saúde diversos, causados pela idade avançada, 96 anos, Donária vivia há quase uma década em um leito, inicialmente na sua residência, depois na casa da família, com o corpo praticamente paralisado, sob os cuidados de diversos profissionais. Narinha já não reconhecia nem mesmo os parentes mais próximos. Teve morte repentina, logo após um mal súbito apresentado na noite do sábado, morrendo por volta das 2:00 horas da manhã deste domingo.

Donária Guerra após formatura em Enfermagem.

Narinha era solteira, mas deixou uma filha de criação, Maria do Socorro Oliveira, que tem dois filhos: Frederico e Gustavo, que eram considerados netos. Frederico, que reside em Correntina, cuidou de Narinha até o seu último dia de vida.

O corpo está sendo velado na casa da família, na rua Góes Calmon e será sepultado no cemitério da cidade, no bairro do são Lázaro.

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