Publicado em 30/12/2025, às 10h15

Thaise Cotrim – Graduada em Letras (UNASP), servidora pública federal, casada, cristã e colunista.

Nem Todo Copo é Taça.

Mudamos de cidade há pouco tempo e, ao desembalar as caixas da cozinha, pude perceber quantas coisas acumulei durante quase 20 anos de casada.

Era tanta louça que os amigos se juntaram para ajudar a lavar, enxugar e guardar tudo no armário planejado da nova casa, que, aos poucos, passava a ser nosso lar. Aliás, mutirão de faxina é uma beleza. Tenho muita gratidão a todos que se uniram em demonstração de carinho, boas-vindas e acolhimento naquele gesto tão marcante para quem estava chegando à nova cidade.

Mas, voltando ao assunto… Se tem uma coisa que não falta em nosso armário são copos. Pense na quantidade… Copos de plástico e de vidro, coloridos ou transparentes, com ou sem asa. Para cada ocasião, uma possibilidade de uso.

Os copos de plástico e coloridos ficam próximos do filtro, são os preferidos das crianças no dia a dia. As taças de vidro, longas e estreitas, ficam no alto da cristaleira reservadas para ocasiões especiais, como o réveillon que se aproxima. Outras, como as Diamond transparentes, eu gosto de usar para receber visitas, desde que não ultrapassem doze pessoas, porque, passando disso, só tenho aqueles clássicos copos de requeijão cremoso ou de milho verde. (risos)

Foto divulgação.

Copos com asa para bebidas quentes. Taças de cristal para drinks e ocasiões mais requintadas. Uso restrito, mas sempre marcante.

E foi ali, diante da minha cristaleira aberta, que pensei: pessoas são como copos.

Algumas nunca estarão à mesa na mesma ocasião.
Outras podem até compartilhar o mesmo ambiente, o mesmo evento, mas com funções, destaques e importâncias bem diferentes.

Mesmo sendo uma pessoa “especial”, em certos momentos da vida, você pode se sentir como um copo descartável.
E, talvez, isso não seja de todo ruim.

Foto divulgação.

Ainda que não seja nobre, nem bonito, nem durável como uma taça de vidro ou cristal, houve um tempo em que você foi a escolha mais prática, necessária e adequada para aquele momento.
Você serviu.
Você foi útil.
Você esteve cheio de algo que alguém precisava.

Mesmo quando somos deixados de lado ou para trás, vale lembrar disso.

E, ainda que o descarte não tenha sido desejado ou gentil, há sempre a possibilidade de reciclar ou ressignificar. Alguém, em algum lugar, pode precisar exatamente de um copo simples, frágil, sem brilho, mas disponível.

Foto divulgação.

No fim das contas, sonhamos com uma cristaleira cheia de taças numa bela sala de jantar. Mas são os copos do dia a dia que permanecem na despensa, participando da vida como ela é.

E isso, por si só, já tem valor.

Nem todo copo é taça, mas quem liga?
O importante é que o recipiente sustente o que carrega, não transborde… e que ninguém fique com sede.

Thaise Cotrim

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