A nossa Coluna de hoje optou por fazer uma conversa, tipo entrevista com o Ex-vereador, Ex-secretário de Meio Ambiente, NILMAR DOURADO, que em Correntina presta serviços como Professor de Ciências do Ensino Fundamental e em Santa Maria da Vitória exerce a sua formação acadêmica como: Biólogo da Secretaria de Meio Ambiente; como Especialista em Gestão Ambiental atuou na criação de Secretarias de Meio Ambiente em vários municípios do Oeste Baiano, fomentou legislação, montou conselhos, treinou técnicos e secretários, ajustou métodos de Licenciamento e Fiscalização Ambiental, que respondendo a perguntas nossas, faremos chegar até ao público em geral, informações sérias e relevantes aos cidadãos correntinenses.

Claro, vamos tratar de informar, discorrer a partir da origem e esclarecer situações que envolvem a Estação de Tratamento de Esgotos-ETE que hoje é objeto de especulação crítica no âmbito da sociedade, que no geral desconhece detalhes e por isso, depõe contra qualquer administração ou gestão pública. “A ideia de instalação da Estação de Tratamento ocorreu na gestão de Ezequiel Pereira Barbosa, anos de 1997 a 2000, eu cheguei e a obra já havia começado, após acordo entre a Igreja e a Prefeitura. Na época não existia Secretaria de Meio Ambiente, ela foi criada um pouco depois, no início ela era jurisdicionada a Secretaria de Turismo e Agricultura, tudo junto Assumi a Secretaria com a obra iniciada…”.

“O tratamento, inicialmente tinha por objetivo atender o esgotamento sanitário do Setor Itamarana, Bairro do Ouro e parte do São Lázaro, essas áreas é que eram problemáticas relacionadas a esgoto porque, devido ao brejo que era lá, então não havia possibilidade de fossas, então o esgoto corria a céu aberto, então esse projeto foi inicialmente, para atender parte desses bairros sendo ativado no final da gestão…” “No início ela era operada de forma correta, quando eu entrei pra Secretaria de Meio Ambiente fiz muito esforço parra manter inclusive um funcionário lá o dia todo fazendo esse trabalho de limpeza na coleta dos lodos superficiais que boiavam, então, bem no início durante um tempo o funcionário ficava lá sempre fazendo a coleta e periodicamente era feita a retirada deste lodo e levado pro lixão..“ “E também, a operação dela na forma que foi feita lá existiam uns alçapões, que precisavam ser movimentados, quando chegava num determinado limite de uma das lagoas pequenas se fechava, passava pra outra lagoa pequena e ia fazendo este revezamento e de ambas, as pequenas, para a grande, os alçapões precisavam ser operados por funcionários também essa limpeza do entorno e a limpeza, coleta de materiais que iam sempre pra estação pelo esgoto… nessas ações…”

“O grande problema de toda estação de esgoto é a operacionalização porque no período que foi colocado o projeto era para atender esses dois bairros e uma parte do São Lázaro, mas a Cidade cresceu e o projeto ficou pequeno pra demanda, pessoal começou a ligar as fossas no esgoto, começou a ligar agua de chuvas nos esgotos e todo mundo foi construindo e foi direcionando para o sistema, o sistema não era operacionalizado na sequência de governos, consequentemente ficou inutilizado, porque quando eu retornei pra Secretaria de Meio Ambiente, ainda tentamos fazer uma limpeza na área, na primeira lagoa, pra ver se a gente conseguia novamente viabilizar e acabar com o mau cheiro, ainda tiramos 250 caminhões limpa fossa de lá, não conseguimos esvaziar nem uma, então a gente viu que ia ficar extremamente caro…” “A canalização de todas as fossas daquela região para a rede de esgoto estrangulou o sistema…”. “Fizemos o Plano de Saneamento Básico justamente para tentar viabilizar um novo projeto para atender a demanda da Cidade, porque na época ele atendia em torno de 70%da Cidade, hoje ele não atende nem 20%…” “Uma das gravidades que aconteceu no sistema foi justamente o abandono nas gestões seguintes, foi retirado funcionário, foi praticamente abandonado, virou matagal, o sistema não foi operacionalizado como deveria, o que agravou mais ainda. Porque se lá no início, terminado o 2º mandato de Ezequiel, o governo que entrou, seguinte tivesse mantido pelo menos as manutenções, teria aumentado a vida útil, pelo menos não estaria gerando o mau cheiro que assola a ambiência e não estaria dando conta também de todas as ligações que foram feitas no sistema, o tempo de maturação e decantação no esgoto tem que existir, haver, o sistema ficou obsoleto diante da demanda… “

“O material escoa, passa das lagoas menores depois da decantação via sifão chegando até a lagoa maior, onde era tratado pelos raios ultravioletas do sol, porque sem sólidos ou algas, ambiente limpo a atuação do sol é penetrante na lâmina da água até 3,0mm da superfície, a água sobe e escorre em camadas e assim as bactérias são mortas pelos raios solares de 60/70% a depender da manutenção adequada, quando não há proliferação de algas e quando há a retirada do lodo que se forma na superfície, o sistema tem que ser operacionalizado durante 24 horas, tá entrando água tem que ter gente lá pra dar manutenção….” “O sistema exige maturação, decantação e tempo para que o processo possa obter resultados objetivos com a ação dos raios solares…esse sistema não tem mais viabilidade alguma, nem de se tentar recuperar é inviável e impraticável sob todos os aspectos, iria abalar a Cidade com o mau cheiro resultante da operação limpeza, diante da putrefação acumulada…”

“Fizemos um projeto fechado em forma de torres que se aproveita os gases como geração de energia e se aproveita os sólidos na produção de adubo orgânico e a água retornaria com até 90% de pureza, tratamento que se amplia com a utilização dos raios , ultravioletas em até 99% de qualidade…” “Fizemos em 2015 um estudo de viabilidade, projeto, orçamento com uma empresa de São Paulo que orçou em oito milhões de reais a construção de uma nova estação de tratamento, com suas redes, ramais e entroncamentos, com previsão de atender a demanda dos próximos 20 anos, no escoamento dos esgotos da Cidade e desse estudo muita coisa foi incorporada ao Plano de Saneamento Básico, inclusive na prospecção nova seria a de mudar a localização, construindo a ETE abaixo das Sete Ilhas…” “Faltou previsão de futuro na construção do sistema de esgoto e da ETE atual…” “O sistema atual tem que ser encerrado, aterrado, contudo, vale observar que Correntina foi pioneira, pois foi a primeira cidade do Oeste Baiano a instalar uma ETE tendo tratamento de esgoto e o pioneirismo leva a isso, mas se houvesse sido cuidada, melhorada, ampliada, assistida, não estaríamos nesse estágio …” “Fizemos o Plano de Saneamento Básico para atender exigências legais e permitir ao gestor buscar recursos na FUNASA para custeio na construção de uma nova ETE e todo o seu sistema, inclusive com novos ramais Registro que o nosso plano foi elaborado por pessoal técnico do Município, assessorado pela FUNASA que elogiou o trabalho…”

“Na época nós trabalhávamos com dois engenheiros um civil e outro sanitarista, hoje a prefeitura tem em torno de dez engenheiros, pode desenvolver um projeto, atualizar o Plano de Saneamento Básico e buscar no Governo Federal recursos para atender a nossa necessidade premente…” “Temos que preservar o patrimônio turístico, não podemos ficar com essa ETE, um sistema contaminado que afeta o Rio e prejudica a imagem das Sete Ilhas e do Município…” “Devo confessar que entendo nunca ter ocorrido desdobramento da Igreja porque o Projeto nasceu da boa-fé de todos; o Ministério Público nunca interferiu porque nunca foi acionado e principalmente porque a correção do problema é questão de vontade de querer saneá-lo; na Câmara de Vereadores sempre da Tribuna questionei a atual situação; o quadro degenerou quando os tanques ou lagoas transbordaram e ficou contundente com a falta de manutenção…”

Caracteriza-se nesta entrevista a inviabilidade de um projeto que já “nasceu morto”, pois criado para atender dois bairros e parte de outro, não comportou a extensão ou utilização das ligações complementares de esgotos ao sistema, projetado sem visão de futuro sem perspectivas para atender uma demanda natural. Criado sem avaliação das implicações e consequências sanitárias e ambiental, pior sem avaliar o ônus para custeio da estrutura operacional necessária para o manter ativo, cercado de zelo e cuidado por profissionais, funcionários da municipalidade, para preservá-lo, num processo de decantação e de manutenção diária para o essencial tratamento do esgoto, e transformá-lo em água e ser reintegrada, naturalmente, depois de tratada pelos raios solares (ultravioleta) ao nosso Rio, o que exige cuidados, limpeza ambiental e manuseio operacional constantes. A visão sistêmica do entrevistado enquanto Secretário do Meio Ambiente na época, optou por abortar a recuperação do irrecuperável e projetou uma nova ação com mais audácia e ousadia para atender uma demanda dos esgotos da Cidade, deixando um Plano de Saneamento Básico, que é condicionante, exigência do Governo Federal, para que o Governo Municipal possa pleitear recursos, via projeto, junto a FUNASA na construção de todo um sistema de esgotos da Cidade, inclusive sua ETE.

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