Publicado em 13/08/2024 às 21h40.

 

Por Antônio Rocha Souza.
Por Antonio Rocha.

Correntina tem mais que 5 pães e 2 peixes.

Conta, nas páginas do livro Santo que, certa vez, o Homem Deus foi procurado para resolver uma situação, no mínimo, embaraçosa: alimentar cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças. Com recursos parcos, somando apenas dois peixes com cinco pães, foram reclamar ao seu mentor, aquela precária situação. Desafio, ao qual, o Mestre respondeu aos seus, dizendo: “Dai-lhes vós mesmos de comer!” Em outras palavras, era como dizer: homens, Sejam responsáveis! Cuidem do povo!

Impressionante… Quando li aquela passagem do livro Sagrado, lembrei-me do sacro homem, o Pastor do Rio das Éguas. Este, ao se estabelecer nessas paragens procurou, como sacerdote, logo estudar a alma do seu povo e os seus dramas, consequentemente, seus problemas. Mergulhou tão profundo na vida daquela gente que, de corpo e espírito, buscou entender a dura realidade, sócio-econômica, religiosa e cultural da população, doando-se inteiramente, a partir dali, à causa do seu rebanho. Com o mesmo empenho quis abraçar, também, a demanda do município e de seus moradores, em todos os níveis possíveis e necessários de intervenção.

Desta forma, o jovem sacerdote André Berénos, erigiu templos, construiu escolas, inaugurou padaria, instalou hospital, implantou abrigo para idosos, fundou sindicato para a proteção dos camponeses, criou uma rádio, estruturou uma marcenaria, além de edificar um bairro inteiro na cidade. Também foi capaz de formar professores, identificar e formar lideranças religiosas e sociais, articulando com as instituições locais e regionais, dialogando permanentemente com autoridades, juízes, promotores, prefeitos, delegados, vereadores, deputados, governadores, entre outros. Tudo isso sem, todavia, perder o decoro e descurar da primordial saúde espiritual do seu rebanho.

Eis o homem, eis o líder, eis o pastor! Eis o cuidador de gente e de coisas, que fazem da gente mais gente. Ele tudo fez, mesmo não dispondo da máquina administrativa, sem os disputados recursos federais e estaduais, sem as modernas parcerias com a iniciativa privada, sem conluios nem laços de compadrio com as fascinantes e perigosas oligarquias. Jamais se compôs com grupos ou pessoas de índole duvidosa, tampouco deixou se corromper pelos poderes que, reiteradamente, tentaram o seu aliciamento. Face à sua conduta, pode-se indagar: como pode manter-se, o tempo todo, incorruptível e com tamanha integridade?

Um verdadeiro exemplo! Uma verdadeira Escola de Gestão, eficiente, enxuta, honesta e justa. Eis aí a referência irretocável de ética e correção moral, no cuidado e zelo para com o bem comum. Referência inquestionável para todo e qualquer gestor responsável pelo cuidado da coisa pública. Diante disto, pergunto: por que os nossos agentes políticos ainda não beberam nessa fonte? Porque eles não seguem os bons exemplos no trato da coisa pública, com a necessária isenção e a devida observação da justiça?
Foi assim que o Pastor do Rio das Éguas, padre André Fráns Bérénos, foi se tronando exemplo a ser seguido. Porque buscou, não no palco das espúrias negociatas, mas na revelação dos Evangelhos e na conduta imaculada do Mestre, Jesus de Nazaré, o seu jeito de ser.


Os Evangelistas nos contam que, mesmo com os seus parcos recursos, aqueles discípulos foram capazes de alimentar uma multidão. Correntina, não obstante, tem muito mais do que dois peixes e cinco pães. Sendo assim, reitero a pergunta: se foi possível para o Padre dar vida a Correntina, apesar de não ter a máquina pública nas mãos, por que não o é para os gestores da nossa terra, que detêm dinheiro e poder? Sim, estes podem fazer muito mais, desde que estejam imbuídos de um novo espírito e de uma nova sensibilidade, similar ao do Monsenhor André.

 Antonio Rocha.

3 COMENTÁRIOS

  1. O legado de André ficará pra sempre em nossas memórias. O que não dá pra entender é porque tantos anos convivendo com esse homem o povo de Correntina não se faz jus…olha a real situação da nossa paróquia? Desmoronou se junto com os governantes..duido de se ver.. mas em fim seu texto fala de um homem que veio de “fora “para mostrar que tudo é possível.. parabéns Antônio rocha.

  2. Esse sim merece meus parabéns eterno, pode não ter feito muitas obras, mas as obras que ele fez serviu pra muita gente, inclusive pra mim, onde estudei o meu ensino fundamental, e fui também atendido na casa de saúde por várias vezes, tenho orgulho de expressar a minha gratidão ao monsenhor André, parabéns meu amigo Antônio Rocha pela linda postagem….

  3. Exemplo a ser seguido pelos políticos atuais, mas estes precisam trabalhar para o coletivo de forma desinteressada como fez o Pe André, ele mostrou o caminho e fez juz à missão recebida. Infelizmente, nossos políticos hoje recebem a confiança do povo para gerir a coisa pública, porém não o fazem como deveria, pois a partir do momento que são eleitos começam a trabalhar em benefício dos seus próprios interesses e para que o povo tenha alguma coisa a seu favor é necessário se vender para receber.
    Tomara que no futuro possamos ver padres e políticos com uma cabeça voltada para a realização do bem comum.

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