Publicado em 27/06/2025 às 07h15.
FILOPOLÍTICA
Por Gecílio Souza
A escrita às vezes “diz” tudo
Mas pode não “dizer” nada
Depende de quem escreve
E de como é interpretada
Precisa entender o contexto
No qual foi elaborada
Para que sua finalidade
Não seja desvirtuada
A temática a ser tratada
Neste cordel que apresento
Refere-se à filosofia
Tão em falta no momento
Política, direito e justiça
E o seu desdobramento
Desde o período socrático
Com os mestres do pensamento
Para o bom entendimento
De quem lê e raciocina
Saiba que a leitura exige
Concentração e disciplina
Lembro a “Perversão Política”
Referindo-me à Correntina
Expus a manipulação
Que a politicagem patrocina
Aquilo ali não combina
Com a gestão estadual
E ainda se antagoniza
Com o projeto nacional
Que postula as inclusões
Econômica e social
Baseadas em dois princípios
De referência universal
Entre os dois o principal
No grau de profundidade
É a justiça propriamente
Resultante da igualdade
Igualdade geométrica
Ou proporcionalidade
Que é dar a cada um
Conforme a necessidade
Isto se chama equidade
Aristóteles sabiamente
Definiu e conceituou
O fez filosoficamente
Justiça consiste em
Tratar os iguais igualmente
E observando a proporção
Os desiguais desigualmente
O outro princípio é incidente
Que ao principal sobreveio
E na ética aristotélica
Figura-se como um esteio
Requisito da eudaimonia
Felicidade que é anseio
De todos os seres humanos
Leia-se caminho do meio
Dita sem qualquer rodeio
A virtude por excelência
Em Aristóteles é a justiça
Que consiste na abrangência
Das virtudes reunidas
Com o nome de prudência
Uma sabedoria prática
Phrônesis ou inteligência
Pressuposto da convivência
Dos homens em sociedade
Minimamente organizada
Com vistas à felicidade
A justiça contém em si
A tridimensionalidade
Divide-se em três formas
Mantendo sua integridade
A primeira modalidade
Chama-se distributiva
Enquanto que a segunda
Se chama comutativa
Já a terceira é conhecida
Por justiça corretiva
Restabelece a equidade
E preserva a ética viva
É nesta perspectiva
Que se fala em mediania
Sinônimo de meio-termo
No âmbito da cidadania
Porque a falta e o excesso
Obstruem a harmonia
Os extremos são transpostos
Pela JusFilosofia
Analisando o dia a dia
Sem perder a conexão
Com o legado de Aristóteles
O papel de uma nação
É promover a igualdade
Por meio da intervenção
Político-sócio-econômica
Que garanta a inclusão
O critério da proporção
Deve ser observado
Na justiça distributiva
Pressupõe-se que o Estado
Efetive suas políticas
Priorizando aquele lado
Que consiste no contingente
Sempre marginalizado
É um juízo equivocado
Ou uma errática ofensiva
Nivelar políticas públicas
Ao espetáculo que priva
Os cidadãos de acessarem
A riqueza coletiva
Então cada política pública
Constitui-se integrativa
Tipos de ação inclusiva
Por ordem governamental
Bolsa família e Prouni
Escola em tempo integral
Pé-de-meia e Bolsa Atleta
Sistema de Cotas em geral
SAMU e Luz para todos
Pronaf no meio rural
Cada uma é fundamental
Na inclusão merecida
Dos hipossuficientes
Cuja existência é sofrida
O Farmácia Popular
O Minha casa, minha vida
O Mais Médicos e Vale Gás
Para a gente desassistida
A tabela é comprida
Porém vale destacar
A lei Maria da Penha
Que é um marco singular
Contra o feminicídio
E outras formas de anular
A dignidade feminina
Em risco neste lugar
Apenas para lembrar
Porque é imperioso
O Ciência Sem Fronteiras
E o Estatuto do idoso
ECA e Brasil sorridente
E outro item primoroso
O Desenrola Brasil
Um programa volumoso
O Estado não é generoso
Nem pratica a caridade
Seu papel é promover
Equilíbrio na sociedade
Portanto as políticas públicas
Estão em conformidade
Com a ideia de justiça
E o princípio da equidade
Em que pese não ser muito próximo do autor, conhece-lo de vistas e apenas pelas suas boas obras, também, pelos bons comentários que amigos fazem ao seu respeito, contudo, não posso deixar de expressar que O CORDEL “FILOPÓLITICA” de Gecílio Souza é uma obra-prima, verdadeira joia rara da literatura brasileira. Haja vista a forma como o autor aborda temas complexos como filosofia, política, direito e justiça é impressionante, demonstrando uma profunda compreensão e conhecimento sobre o assunto, transportando-os para nossa realidade oestina correntinense.
A estrutura desse cordel é bem organizada, com uma rima agradável e uma métrica que flui bem. Gecílio usa uma linguagem clara e concisa, tornando fácil de entender os conceitos filosóficos e políticos apresentados.
Um dos pontos fortes do “FILOPÓLITICA” é a forma como Ele relaciona a filosofia aristotélica com a política e a justiça. A explicação da justiça distributiva, comutativa e corretiva é clara e bem ilustrada, demonstrando a importância da equidade e da proporcionalidade na sociedade. Isso me fez voltar aos bancos acadêmicos e a matéria Ciência Política do curso de direito, quando estudava, há mais de uma década.
Além disso, o autor apresenta uma visão crítica sobre a política e a gestão pública, destacando a importância de políticas públicas que promovam a inclusão e a igualdade. A menção a programas governamentais como o Bolsa Família, o Prouni e o Sistema de Cotas é um exemplo de como o autor relaciona a teoria com a prática.
PARABÉNS grande Gecílio Souza pela demonstração de uma profunda compreensão da filosofia aristotélica e sua aplicação na política e na justiça e pela forma como estruturou o cordel é impressionante, tornando fácil de entender conceitos complexos. Tornando ainda o cordel acessível a um público amplo em razão da clareza da escrita.
Finalizo afirmando que O cordel “Filopólitica” é uma obra-prima da literatura brasileira que merece ser lida e estudada por todos aqueles interessados em filosofia, política e justiça. A forma como foi abordado é impressionante, demonstrando uma profunda compreensão e conhecimento sobre o assunto. Não deixa de ser uma contribuição valiosa para a discussão sobre política e justiça no Brasil, na Bahia e em Correntina, destacando a importância de políticas públicas que promovam a inclusão social e a igualdade de todos, sem quaisquer distinções. É COMO PENSO!
GETÚLIO REIS (São Manoel/Correntina, 27/06/25).