Publicado em 29/07/2023 às 10h10
Padre Vanúcio fala à Coluna sobre as trocas de status e nomes das duas igrejas
A perda do status de matriz, a que foi submetida a igreja antiga de Correntina, com a transferência desse status ou classificação para a igreja nova, que também recebeu o nome da antiga, secularmente denominada de Nossa Senhora da Glória, foi tema da conversa que o responsável por esta Coluna teve com o padre Vanúcio Hebert, pároco da igreja Católica local, na última terça-feira, dia 25. A igreja histórica foi (re) denominada de Igreja Imaculada Conceição.
A conversa se deu em razão da matéria postada aqui na Coluna, no dia 19 de junho, na qual este colunista criticou essa “reconfiguração” de status ou classificação feita pelo clero local entre os dois templos católicos, o que ocorreu após a construção da igreja nova, em 1999.
No texto, também levamos ao conhecimento do padre, que assumiu a paróquia há cinco meses, o descontentamento – há até quem esteja revoltado – de parte da comunidade Católica local com essa “reconfiguração”. Na oportunidade, apesar de termos tentado ouvi-lo, não foi possível ao mesmo se manifestar sobre o assunto. Foi justificado que, naqueles dias o reverendo estava muito ocupado.
Nessa conversa, inicialmente procuramos saber se há um ato administrativo que tenha embasado essa “reconfiguração”. Indagação que fizemos também na matéria do dia 19. Em resposta, o padre informou não ter conhecimento da existência desse documento, e justificou, dizendo estar há pouco tempo na paróquia.
A seguir, fomos objetivamente à questão. Quando pudemos expor ao padre o descontentamento de parte dos católicos locais, e a opinião da Coluna, que considera essa troca de status e de nomes dos dois templos, um desrespeito à comunidade católica local. E argumentamos, por exemplo, que milhares de pessoas têm a igreja antiga, a igreja matriz, como referência do local onde foram batizadas, crismadas, casadas e receberam outros sacramentos.
Salientamos ainda que, além desse lado sentimental e religioso, há de se levar em conta o aspecto histórico. A igreja antiga foi construída e denominada de Nossa Senhora da Glória em honra à santa, há mais de dois séculos (206 anos, mais precisamente), por uma fervorosa adoradora da Nossa Senhora da Glória em agradecimento a uma graça alcançada.
Em resposta a essas alegações, o padre Vanúcio, mais uma vez disse ter assumido a paróquia há pouco tempo, e não ter tido tempo para tratar desse assunto. E que não tem em mente trata-lo, uma vez que “pode causar atritos, descontentamentos”. Afirmou ainda que, em uma visita recente do bispo à paróquia, conversou com ele sobre esse tema, sem muitos detalhes, mas não houve uma tomada de posição. O bispo, por sinal, já foi transferido da diocese.
Em um determinado ponto, o padre deixou claro que lhe havia sido informado que essa troca de status e de nomes dos dois templos teria sido feita atendendo a uma suposta vontade do monsenhor André. Argumento esse que é de conhecimento desta Coluna, e que, já foi refutado. De acordo com o que nos foi contado, a informação da mudança de nomes e de status das igrejas foi anunciada pela Irmã Oneide, após uma missa, e na ocasião, ela não fez nenhum tipo de menção a essa suposta vontade do monsenhor André. “E a Irmã Oneide foi a pessoa que conviveu mais tempo e com laços mais forte com o monsenhor. Se ele tivesse essa vontade, a Irmã Oneide saberia e teria falado, o que não aconteceu”, nos disse uma pessoa que não quis se identificar, para evitar celeuma com o seu nome.
Ouvimos ainda do reverendo, argumentações de que, na cidade de Aparecida (SP), se utiliza os termos “santuário antigo” e “santuário novo”. Ao tempo em que questionou que, a definição de “matriz” pode ter mais de um entendimento. No nosso texto do dia 19, alertamos que, “essa mudança de status ou classificação da igreja antiga – de matriz para filial – representa, inclusive, uma afronta à linguística e à etimologia da nossa língua, pois, fazendo uma consulta ao Dicionário Aurélio, o mais importante e respeitado dicionário da língua portuguesa – ou a outro dicionário -, pode-se verificar que o verbete “matriz” tem a seguinte definição: matriz. [Do lat. matrice.] S. f. 1. Lugar onde algo se gera ou cria… 2. Aquilo que é fonte, origem, base, etc […]”
Por tudo o que foi dito pelo padre Vanúcio, só pudemos depreender que o reverendo não pretende se envolver nessa questão. A Coluna respeita a postura de neutralidade do padre, porém, depois que o novo bispo assumir a diocese, a Coluna vai levar essa situação até ele, e pedir a providência que entende ser a desejada pelo que considera ser a maioria dos fiéis católicos correntinenses.
OBS: O padre Vanúcio não nos permitiu gravarmos a conversa, afirmando não querer que se publicasse suas palavras. Por isso, evitamos ao máximo, publicar ipsis litteris a fala do revendo.