Publicado em 26/05/2025 às 06h10.

Um momento propício a transformações na Cultura.

É digno de aplauso o Projeto de Lei aprovado na Câmara Municipal de Correntina há duas semanas, que autoriza o Poder Executivo a “adquirir obras literárias, cordéis e poesias de autores locais para fins educacionais e culturais”.

A proposta, de autoria do vereador Marcelo Gercino dos Santos, propõe a distribuição dessas obras nas escolas da “rede municipal de ensino, bibliotecas públicas e demais espaços culturais do município, visando o incentivo à leitura, ao conhecimento da cultura local e ao fortalecimento da identidade regional”. Sem dúvida, a distribuição de livros da forma como prevê o texto do legislativo, influenciará especialmente os pré-adolescentes, adolescentes e jovens a lerem mais. E o acesso a publicações que abordem a cultura, os costumes e a memória do município há de fortalecer a identidade da população local.

- Essa é uma iniciativa, por si só, importante, e conjugada a outras ações, pode realizar transformações significativas na educação e na cultura no nosso município. É o caso de se instituir um concurso anual de redações, abrangendo as redes de ensino municipal, estadual e particular. E ainda, criar uma feira literária – também anual -, para expor obras de escritores locais, de correntinenses que residem fora, e autores de toda a região.

Acredito que – em sendo sancionado esse Projeto de Lei – esse é um momento propício à valorização da cultura local, a se incentivar o surgimento de autores que possam seguir os passos de Irma Galhardo, e Valnir de Vercin – que adota o codinome de Hélverto Baiano -, que há poucos dias foi empossado na Academia Goiana de Letras (AGL). Há momento melhor para incentivar os pré-adolescentes, adolescentes e jovens de Correntina a se tornarem autores? Não há.




Quero, aqui, voltar a falar sobre o Projeto de Lei aprovado na Câmara Municipal, que prevê a distribuição de livros. Distribuir livros e outras publicações de autores locais, pode sim, incentivar a produção literária aqui em Correntina. Mas, eu sugeriria ao vereador autor do Projeto, fazer uma pequena alteração – uma emenda por outro projeto de lei, conforme prevê o processo legislativo – no texto, nele acrescentando a opção de o poder público também fomentar de forma direta a produção dos livros, por meio de “editais de literatura” – através deles, selecionar obras para serem publicadas. Com essa alteração, o autor que tiver condição financeira e preferir editar a sua obra com recursos próprios, o faria, e ao comercializá-la, teria no poder público um comprador importante. Enquanto o autor que não tiver condição financeira para custear a edição da sua obra, poderia participar do “edital de literatura”, e – e tendo a sua obra aprovada – assim, ter o custo da sua obra paga pelo poder público municipal.

Ainda sobre o referido Projeto de Lei, quero externar uma preocupação que não é apenas minha. Refiro-me ao item I do Artigo 3º, que exige que os escritores locais “tenham residência comprovada no município de Correntina”, para que possam usufruir dos benefícios previstos no Projeto. Com essa redação, esse item vai impedir que Hélverton Baiano, Irma Galhardo, Flamarion Costa, Marivalda Barbosa e outros (as) autores (as) correntinenses tenham suas obras adquiridas e distribuídas nas escolas, bibliotecas e demais espaços culturais do município. Há de se levar em conta a residência do autor ou autora no município, mas, também o fato dele ou dela não residir aqui, mas aqui haver nascido e ter vínculos afetivos e familiares em Correntina.
*Teoney Araújo Guerra é jornalista provisionado e escritor