Publicado em 28/01/2025 às 09h23
Discutindo o paradoxo musical que há em Correntina
Teoney Araújo Guerra
No sábado passado (25/01), quando eu e alguns amigos comemorávamos no Cana’s Bar – o Bar de Nego Tota -, o Dia da Bossa Nova, mais uma vez, o meu amigo Zé Silva, que é mais conhecido como Zezinho Bombeiro, tentou convencer-me de uma tese que ele defende, segundo a qual, o “Sertanejo” – denominação que eu acho errada, e prefiro denominá-la de “Urbanejo*” – “não se cria em Correntina”.
Sinceramente, desejo mesmo que ele esteja com a razão na sua tese. Mas, ainda não tenho em mim, essa certeza.
Ele argumenta que, na nossa cidade, já houve várias tentativas de se criar duplas que cantavam esse tipo de música, e nenhuma deu certo. Diz ainda que, nas sextas-feiras, nos shows que são apresentados com frequência na praça Caboclo, as poucas vezes em que alguém tentou cantar o “Urbanejo, não foi aplaudido ou recebeu até algumas vaias. Mas, eu acho que essas duas “possíveis confirmações” são pouco para garantir a tese. E tenho contra-argumentado afirmando que, por onde quer que eu vá, com exceção do Cana’s Bar, é claro, o que se toca é esse Urbanejo. Da mesma forma como na rua, a grande maioria das músicas que tocam nos carros, é também dessa música que considero de má qualidade.
Existe ai, portanto, um paradoxo, para o qual eu tenho buscado uma explicação, mas ainda não obtive êxito. Creio que, por ter residido fora de Correntina por 26 anos, tendo voltado há pouco mais de dois anos, o tempo não foi suficiente para eu identificar o que ocorre em termos musicais na nossa cidade. Mas entendo que, o fato de os frequentadores da praça Caboclo terem um gosto musical que rejeita o “Urbanejo” já é um bom presságio. É sinal de que nem tudo está perdido.
Aleluia! Saravá! Viva! Ainda há tímpanos saudáveis, e uma parcela da população local que tem bom gosto musical.
Aliás, nesses dois anos que voltei a residir em Correntina, fui poucas vezes à praça Caboclo nas sextas-feiras, mas, pelo que Zezinho falou-me, preciso ir lá mais vezes. Preciso também de ajuda para entender a razão desse paradoxo musical que há em Correntina. Quem pode ajudar-me a decifrá-lo?
Ah! Falando em música de qualidade, no próximo sábado (01/02) haverá show de Laércio Correntina no Ranchão. Uma ótima oportunidade para quem tem o gosto musical apurado, se deliciar com a vertente da MPB que tem como tempero o sotaque goiano.
*Essas músicas não têm nada de sertão, de roça, de ambientes rural. São sim, música urbana, e de má qualidade.
O urbanejo ou sertanejo universitário, como era chamado lá na década de 2010, hoje é o AGRONEJO, que tem o sertanejo ostentação, que mistura Funk e Piseiro com sertanejo, não se cria aqui e ne lugar nenhum. É só uma adaptação que o mercado do sertanejo faz quando perde público para outros ritmos.
Em Correntina vemos que querem “goianizar” de qualquer forma a cidade, más aqui não tem o sotaque e nem a cultura caipira. Por isso aqui não tem a moda de viola ou as duplas sertanejas, o forro de teclado domina os artistas locais, a safona que é cara poucos tem. Por fim, esse processo de impor a cultura caipira por aqui, faz com que ignorem as culturas bainas e nordestinas que ainda tem por aqui!. Goiás foi povoado pelos bandeirantes, o oeste da Bahia não, vamos estudar os processos de povoamento. Para não perdemos nossa AUTENTICIDADE.
Conheço o repertório de Laércio. Muitas músicas boas, porém, prefiro algo diferente, mas ele canta e toca muito bem e atende pedidos. Manda muito bem!
Laércio correntina é simplesmente genial…! A provocação do Tony, no seu artigo, é deveras tempestivo e acertivo… Por consequência, o debate já começa a fluir. Parabéns!