Publicado em 22/04/2025 às 11h42.

IDALINA OLIVEIRA MEIRA, A VOZ DAS ÁGUAS DO CERRADO.
Por Antonio Rocha. 

Foto divulgação.

Em tempos, em que se evocam clamores em defesa da natureza, seguidos do apelo da Campanha da Fraternidade: “Fraternidade e Ecologia integral”, capitaneada pela igreja Católica e Movimentos Ecumênicos, eis que irrompe mais uma força feminina, forjada na lida e na dureza do semiárido, do sertão brasileiro.

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Filha de Ana Meira e de Antônio Meira, a nossa homenageada nasceu em Bom Sucesso, município de Caetité/BA, embora o destino quisesse estabelecer a sua residência no município de Jaborandi/BA. Sem dúvida, Idalina foi uma das mais autênticas e combativas vozes, na defesa dos direitos, das águas e dos cerrados, sobretudo, das veredas e dos riachos, das nascentes e dos ribeirões do oeste baiano.

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Também pudera…  Idalina Meira foi uma das atingidas pela seca, nos idos anos 60. Assim, premida pela necessidade, fez-se retirante em busca de água.  Foi desse modo, que Meira tornou-se vocacionada, constituindo-se uma das maiores defensoras do princípio da vida: as águas. Água é vida! Vida dos bichos e dos humanos. Portanto, sempre movida e animada pela força das Sagradas Escrituras, assumiu uma bandeira alimentada pela mística do encanto pela natureza, pelos ideais libertários e pela dignidade dos povos.

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Nesse sentido, a sua mística, é de fato, a verdadeira seiva alimentadora da luta, da sensibilização, do sentimento de solidariedade, da fraternidade, do companheirismo e do comprometimento, na defesa dos nossos ecossistemas. Tudo isto evidenciado pelas suas incursões, pelas lutas, pelas passeatas, pelas romarias, pelos debates públicos, pelos retiros espirituais, pelas liturgias cristãs e pelo seu espírito ecumênico… Tudo feito em função da boa cidadania e do bem comum.

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Assim, Idalina fez da sua própria residência, um ponto permanente de encontro e de acolhimento. Ali, ela plantou o seu centro de irradiação solidária, e, generosamente, foi capaz de acolher a todos que se juntavam e somavam, na comunhão da luta e do enfrentamento, em defesa de tudo que se refere à preservação da vida.

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A nossa personagem tornou-se, desse modo, a maior amiga e a incansável protetora dos nossos aquíferos, das nossas nascentes, dos rios e das corredeiras, através da sua coragem, da sua potente e impostada voz, dos seus cantos, da sua profecia e das suas rezas bem rezadas. O seu apelo e seu grito de liderança fizeram multidões marcharem em defesa dos direitos e das terras. Foi dessa forma, que Meira foi se constituindo a figura mais representativa da força, da proteção e da defesa dos Gerais e das águas; das comunidades do campo e da cidade; dos ribeirinhos e dos quilombolas.

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Portanto, Idalina foi exatamente isso… Foi com essa luta, que Idalina conduziu ribeirinhos, indígenas e afrodescendentes aos fóruns de debates e às assembleias, por todo o país e, principalmente, ao Planalto Central, coração do governo da nação. Ela sabia tecer os fios da perfeita sintonia entre a fé e a vida; entre a Divina Palavra e a caminhada. Embora Idalina, já não se encontra mais entre nós, fisicamente, a sua voz continua ecoando em cada ouvido; assim como o seu coração continua a bater no peito dos que continuam a sua memória na militância de cada dia, em favor da vida. Vida, esta, que emana e corre pelas veias do serrado, nas águas que brotam de suas nascentes, de suas veredas, de seus rios e de seus riachos.

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Você, Idalina Oliveira Meira, que esteve presente em cada nascimento e acompanhou de perto o nascimento das Associações de Mulheres, dos Sindicatos Rurais, da Comissão Pastoral da Terra; que foi presença viva nas Cooperativas, nas Romarias da Terra e das Águas, na Organização dos Movimentos dos Atingidos pelas Barragens, na Organização Política Popular, nas Comunidades Eclesiais de Base, na Pastoral da Juventude do Meio Popular e em tantos outros, é digna dos nossos aplausos!

Viva Idalina!

Viva a sua memória entre nós!

Antonio Rocha.
ANTÔNIO ROCHA: Graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Curso livre em Teologia, especialização em Filosofia Clínica, pelo Instituto Packter e mestrado em Ciências da Religião pela PUC Goiás.

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