Publicado em 31/05/2022 às 07h15
O QUE DEU ERRADO NA EDUCAÇÃO DE CORRENTINA?
“A história da educação mostra que toda classe que quis tomar o poder se preparou para o poder através de uma educação autônoma. O primeiro passo na emancipação da escravidão política e social é libertar a mente. Eu levo adiante a seguinte ideia: A educação popular deve estar no controle da grande união dos trabalhadores. A questão da educação é a questão de classe mais importante”.
Antônio Gramsci
Quando se fala em educação é simples julgar porque encontrar desculpas ou culpados é muito mais fácil, tudo é como cada um “ouviu dizer.” Quanto poder tem as palavras, uma vez dita ainda que erradas, ali fica cristalizada, uma pena que não procuram saber, não questionam só aceitam, transformam em verdade.
Não tive a felicidade, a oportunidade de fazer uma faculdade, era um sonho impossível na minha época, sem condição financeira para estudar no Goiás, no meu tempo só podia quem tinha dinheiro. Poucos anos após a minha aposentadoria tive notícias de colegas que diariamente se deslocavam de Correntina para Bom Jesus da Lapa com o propósito de estudar, fazer uma formação superior, com muita dificuldade, estrada ruim, frio, poeira e muito cansaço.
Venceram e fazem um trabalho muito bom no município, tenho orgulho desses professores! Chegou ao alcance total, hoje Correntina tem um quadro de educadores onde todos ou 99% para ser mais preciso, com nível superior, acredito que uma meia dúzia está cursando mestrado e mais alguns que já concluíram. A classe é sim preparada, tem formação, eles estão nos lugares que escolheram, se dedicaram para merecer o ofício de educador.
As palavras acima de Gramsci, retrata a minha indignação quando se fala como deveria ser a educação nesse município.
“Que merda é essa?” É exatamente assim que os alunos indagam algo que os contrariam, frase forte, que também reescrevo porque a classe de professor é muito julgada, sofrida, fico me perguntando o que esses profissionais fizeram para merecer tais críticas “o que tá rolando?”
A educação do Japão deveria ser um exemplo a ser seguido, um país que respeita com toda nobreza o trabalho do professor, um imperador que todas as pessoas se curvam diante dele, menos o professor. A educação do Japão está na segunda colocação no Ranking da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), segundo lugar como a melhor educação do mundo. Qual será o segredo? Não é difícil responder, lá todos fazem e acreditam em uma educação de qualidade inigualável.
A nossa realidade é o oposto. O presidente mais amado facilitou o ensino superior, o correto seria melhores resultados, mas não foi como esperávamos, porque com o acesso do pobre nas universidades nasceu o adjetivo de “semianalfabetos”, foi talvez a frase que mais ofensiva. Sabem de onde vieram os nossos profissionais? Do interior, de famílias da zona rural, do campo, da luta, da labuta e o que eles falam é o que escrevem?
É correto usar a linguagem informal, todos estudamos sobre isso, a realidade no dia a dia, a cultura local independente como se é demonstrada, seja na fala, na crença, na agricultura na arte e em tantas outras riquezas.
Quem são os ditos “semianalfabetos”? Quem está trabalhando, quem já se aposentou, quem são eles? Somos todos que escolhemos a educação como profissão, não houve seleção para o maldoso comentário.
Tem uma turma nova aí assumindo as salas de aulas. A crítica ultrapassa minha simples matéria, é assunto de estudo ou manchete. Eu só pergunto que educação é essa, que palavras são essas? Que educação receberam? São jovens, e se são novos, talvez tenha sido eu quem os ensinou. Quem de fato está errando? O presidente que dificultou o acesso ao ensino, fez um aumento justo no reajuste salarial que trouxe brigas e ódio as demais profissões que estão gritando que não merecemos, que por nossa causa o município não cresce, será o gestor municipal que afirma não ter dinheiro para pagar o reajuste salarial, Lula que acabou com o ensino ofertando facilidades no Ensino Superior e pouco estudo para assumirmos as salas de aulas, os pais dos alunos que nos diminuem ou nós mesmos, os “semianalfabetos”, DE QUEM É A CULPA?
Estamos aqui, esperando a volta do PT, o respeito do gestor, a parceria dos colegas, a verdade dita para a sociedade, um pouco de dignidade, só dignidade já nos acalmaria. Está tenso e apesar de não mais contribuir com a educação vejo e sinto o profundo ódio de uma nação que ao contrário do Japão humilha os professores.
Políticas Públicas, acredito que do ruim ainda é o que considero está nos apoiando, já viram o site do FNDE? Futriquem lá... tenho tido muita esperança para melhorar o andamento da educação para os jovens professores, quem sabe um dia serão eles que irão receber o respeito tão sonhado. Nossos alunos que escolheram outras profissões como advogados, médicos, nutricionista, psicólogos etc. nenhum deles receberam a fama de semianalfabetos, estudaram nas mesmas escolas, por que será? São fortes questionamentos, que merecem reflexão profunda.
E o culpado do erro na educação do município de Correntina vocês sabem quem é?
Uma das melhores, matérias, reflexões de fatos de Correntina. Como educação é capaz de levar uma mensagem serena!Educadissima!
“Um imperador que todas as pessoas se curvam diante dele, menos o professor”
Assim é o povo, bajulam políticos,mas, sequer valorizam o professor!!
Parabéns pelo texto Pastor Clériston Mota. Exatamente como escreveu – é mais fácil julgar. Difícil é fazer o que fazemos nas condições de trabalho que nos são impostas há décadas. Infelizmente os gestores de Correntina, principalmente o atual (já há 16 anos no poder), nunca fizeram da educação uma prioridade. E o atual gestor diz ser o que mais fez pela educação em Correntina. Como se isto não fosse sua obrigação. Ou não foi para isto, que se propôs a ser prefeito (na verdade, já é um monarca. Seu governo já se constitui numa dinastia)? O pouco que fez é anulado pelo que hoje faz: desenvolve em todos os setores de seu governo e na sociedade uma campanha de desmoralização, perseguição e ódio contra os professores do município, com exceção de seus puxa-sacos. Rotula-nos de “analfabetos” e “vagabundos”. Ora, se a educação em Correntina é ministrada por “analfabetos” e “vagabundos”, cabe-nos perguntar: quem os contratou? Como esses “analfabetos” e “vagabundos” ingressaram no serviço público municipal para dar aulas? Quais foram/são os critérios para os contratar/admitir? Que competências foram/são exigidas para o ingresso na carreira? Qual o critério adotado pelo prefeito para a escolha de sua secretária de educação e da equipe da SEMED? Competência técnica? Não. Puxa-saquismo e número de votos que as famílias dos escolhidos lhe deram. Se o prefeito “coroné” Maguila quisesse realmente qualidade na educação, os critérios tanto para o concurso público quanto para a nomeação da equipe da SEMED seriam outros. Porque não estabelece parceria com a USP, que é a melhor universidade brasileira, para a elaboração das provas do concurso, para submeter os professores a uma avaliação das suas reais competências e reciclá-los? Porque seus puxa-sacos não seriam aprovados e ficaria demonstrado que suas reais competências não fazem jus aos títulos que ostentam (graduação, licenciatura e mestrado). Com que moral o atual prefeito de Correntina e sua equipe rotula os professores de “analfabetos” e “vagabundos”? Qual o exemplo dado pelo atual prefeito/”coroné” Maguila? Foi péssimo estudante, relapso e irresponsável durante o curso de Letras na faculdade onde adquiriu um diploma. Não tem o domínio da língua pátria e de nenhum outro idioma como exige o diploma adquirido (sabe-se como). Lê mal, escreve mal, ou melhor, não lê e nem escreve. Tal como todos os membros de sua equipe, é incapaz de construir uma argumentação fundamentada sobre qualquer tema, valendo-se apenas da repetição mecânica de meia dúzia de jargões surrados, previamente decorados, que só convencem os puxa-sacos, néscios e iletrados como eles. O outro exemplo dado pelo prefeito “comunista” do PC do B (na verdade Pseudo Bê) e sua equipe é o de se recusar a pagar o nosso piso salarial estabelecido por lei, há 2 anos atrasado (1/3 de férias até hoje não foi pago). A desculpa para a campanha de desmoralização, perseguição e ódio contra os professores do município, é a baixa média do IDEB. As metas do IDEB foram estabelecidas com o objetivo único de alcançar 6 pontos até 2022, média correspondente ao sistema educacional dos países desenvolvidos. As metas não foram alcançadas não só por Correntina, mas por todos os municípios. E jamais serão alcançadas, pois, além do descompromisso de TODOS os políticos brasileiros – por mais que digam o contrário em seus discursos demagógicos – educação não se restringe à escola e nem às médias do IDEB estabelecidas como metas: é dever do Estado, da família e da sociedade, como estabelece a Constituição. Educação é um processo complexo, que não combina com miséria, fome, corrupção, coronelismo, puxa-saquismo, individualismo, demagogia, hipocrisia, iletramento, descompromisso, faz-de-conta, subdesenvolvimento, dependência e outras mazelas que são características historicamente perpetuadas pelo Brasil e especialmente por Correntina (Paulo Oisiovici, mestre em História Contemporânea pela Universidade do Porto e cidadão correntinense).