Publicado em 1/06/2025 às 07h39.


FESTA JUNINA EM CORRENTINA: RECORDAR, PARA CONTINUAR.
A título de introdução, interpõe-se o questionamento: Festa junina ou festa de São João? Pouco ou nada importa, pois o relevante mesmo é que, nestas ocasiões, a cidade inteira ajeita-se por meio de adereços, colorindo ruas, praças e avenidas para celebrar o São João ao som de fogos de artifício e balão. O balão, que outrora reluzia-se sob o céu da cidade, por imperativo legal caiu em desuso devido ao perigo que representava para a terra.

Criativamente, com versus e rimas, Correntina dança em memória de todos os seus santos com assento no mês de junho. É impossível não fazer esse retrospecto da nossa tradição, consubstanciada nos grandes festejos do período. Tradicionalmente, Correntina sediou grandes festas realizadas neste mês. Santo Antonio abre os festejos, e São Pedro usa suas chaves para fechá-los, enquanto São João acende a fogueira.

Embora o evento tenha vários elementos importados da Europa, a presença de elementos da mistura cultural do nosso povo é perceptível. É possível identificar nela a presença de fortes traços indígenas, como o milho e seus derivados: canjica, pamonha, curau, além de outras iguarias derivadas do amendoim: o Mané pelado, a paçoca, etc. Da cultura africana há o quebra queixo, o pé de moleque, a cocada, o cuscuz, o leite de coco e outros elementos típicos do universo afro-cultural.

Ainda há, na festa junina, o forró como expressão cultural predominantemente nordestina. Embora algumas pessoas afirmem que essa arte tenha origem européia, há controvérsias. O mesmo se aplica à quadrilha, que dizem ser de influência francesa. Ocorre que tudo foi miscigenando-se: africano, europeu e indígena, formando uma única expressão. Correntina misturou tudo isso, assimilando, incorporando e exibindo em sua tradição cultural. Além da boa música e da dança como desdobramento dessa fusão no solo brasileiro, o evento junino agregou a batata doce, a abóbora e a mandioca, todas assadas em brasas. Na mesma esteira, vem o beiju de massa, a brevidade e o biscoito voador, todos assados no borralho aquecido. E assim, as ruas enfeitadas com bandeirolas coloridas e arvoredos imponentes mirando o céu, vão enchendo os olhos dos expectadores. Obviamente, uma inconteste ostentação de variedades de prendas, dependuradas nos galhos dos arvoredos, como se fossem frutos naturais.

Além de toda a beleza estética desse evento, merece destaque a sua capacidade aglutinativa. Eis sua vocação de congregar multidão, atrair e reunir a comunidade num ato de celebração e comunhão entre povos, classes, religião, cultura e pontos geográficos. Mas é, sobretudo, na força da tríade sagrada: Santo Antonio, São João e São Pedro que, certamente, opera o milagre da alegria, da festa e da convergência dos povos. Sublinha-se que a festa junina é o típico evento de valorização dos elementos do campo, tanto seus frutos como sua culinária; seu artesanato, seu folclore e sua genuína fonética referente aos dizeres camponeses.

Independente do glamour e da fascinante performance da tradição em Correntina, este ano a cidade exibirá mais uma edição daqueles bons eventos. É o que se espera! Um momento propício à confraternização da sociedade correntinense, que pode esbanjar alegria, aquecendo o comércio e o coração de sua gente. Cada geração tem seu tempo e seus feitos, inspirando-se nas lições do passado. Essa prática pode ser aprimorada e adquirir caráter pedagógico às novas gerações. Tomara a cidade se prepare adequadamente e, da melhor forma possível, contextualize o autêntico significado dos eventos religioso-culturais. Que o tratamento à população local e a acolhida aos turistas e aos filhos nativos que se dirigem ao seu berço, sejam compatíveis com o sentido dos festejos.
A cidade que se diz turística, deveria ter uma festa maior nessa época do ano, não estou dizendo que é para concorrer com Caruaru – PE ou Campina Grande – PB, mais as cidades vizinhas tem festas mais bem elaboradas como os arrais de Jaborandi, São Félix do Coribe, Bom Jesus da Lapa e Santa Maria da Vitória. Essa época com temperaturas mais baixas é excelente para o turismo.