Publicado em 12/11/2025, às 16h15.

O Major Félix no poder
Um episódio da história de Correntina que faz 100 anos neste mês de novembro.
Teoney Araújo Guerra*

Revisito a história de Correntina para relembrar um fato importante da nossa história que completa 100 anos. Ocorreu em novembro de 1925, e se tornou um episódio fundamental da política local.
Antes, vamos contextualizar como se desenrolava a política naquela época, na Bahia como um todo – e no país.

O Brasil vivia o final da época do “coronelismo”. Sistema político e administrativo no qual o poder era exercido pelos “coronéis”, assim denominados, os donos de latifúndios, que concentravam as poucas riquezas geradas nas localidades e detinham o poder político. Mandavam e desmandavam, como se dizia, pois tinham sob o seu controle, o policiamento e o delegado, que era sempre alguém da sua confiança. E havia uma espécie de conluio entre esses senhores e os governos do Estado. De forma que, nem sempre, o resultado de uma eleição era mantido, respeitado. Eleições essas que não tinham a participação do povo – votava quem era ligada aos partidos; quem os “coronéis” permitiam –, e quase sempre eram marcadas por fraudes, irregularidades.
Muitas vezes, um candidato ganhava a eleição, mas não assumia o cargo. Dependendo do prestígio do derrotado com o governador, ele ia à capital do Estado e voltava com o mando político.
E foi exatamente o que ocorreu naquele ano de 1925, e está ligado ao que foi denominado de “Revolução do Major Félix”. Um capítulo da nossa história que marcou a consolidação de Félix Joaquim de Araújo, o Major Félix, o último Intendente e o primeiro Prefeito de Correntina, como principal liderança política local – da época. A “Revolução do Major Félix” resultou de uma série de fatos, e teve o ápice no ano de 1926, mas o fato aqui narrado foi, digamos, o estopim.

O Major Félix assumiu o poder com o mandato [de Intendente] de 1923 a 1925, como informa o livro História de Correntina (Ed. Atualizada, pag. 84). E pelo que foi apurado, houve o pleito eleitoral para Intendente, em novembro de 1925, como previsto. O Major Neco Duarte, candidato do grupo de oposição ao Major – aliado dos Magalhães -, foi eleito. Entretanto, o Major Félix permaneceu no poder, com o apoio do governo estadual.

Essa permanência do Major Félix no poder pode ser explicada como resultante desses conluios. E de acordo ainda com o livro História de Correntina, provavelmente, houve uma “superposição” de intendentes. Ou seja: Correntina teria tido dois intendentes: o Major Neco e o Major Félix. O Major Félix foi mais forte, se mantendo no poder até 1930. Ano em que o cargo de Intendente foi extinto, sendo criado então o de Prefeito. O Major Félix se manteve no poder até 1947.
Obs: No próximo ano vamos voltar ao tema, para contar a história completa da “Revolução do Major Félix”, que completará 100 anos.
*Teoney Araújo Guerra é escritor memorialista






O texto sob título REVOLUÇÃO DO MAJOR FÉLIX é um trecho de um artigo da lavra do erudito Teoney Araújo Guerra, escritor memorialista, que relembra um episódio da história de Correntina, fato este que completa 100 anos agora novembro. O episódio em questão é a “Revolução do Major Félix”, que ocorreu em 1925 e resultou na permanência do Major Félix no poder, apesar de ter perdido a eleição para o Major Neco Duarte. O texto contextualiza a época, explicando o sistema político do “coronelismo” e como os “coronéis” detinham o poder político e administrativo na região. O Major Félix é descrito como o último Intendente e o primeiro Prefeito de Correntina, e sua permanência no poder é atribuída ao apoio do governo estadual e ao conluio com os “coronéis”. O texto promete continuar a história, em comemoração aos 100 anos da “Revolução do Major Félix”. Aguardaremos sua conclusão e por antecipação parabenizamos o escritor pela brilhante ideia de presentearmos com a HISTÓRIA VIVA da nossa Correntina.