Publicada em 10/07/2023 às 07h05

 

Por ALOROF – Aloizio Rocha França

QUENO E A BANANINHA
Estive recentemente em Correntina e fui”ataiado” por uma jovem que queria certificar-se se eu era mesmo o Alorof, destes pobres escritos aqui do Recanto. Ela também se interessou em saber quem era Cinza.


Cinza? Sinzenando? Cinza Burrai? Uai! Você não conheceu? É o mesmo pai de Zé de Cinza,  Bibita, Wilson de Cinza, Djalma de Cinza, Vando de Cinza, Carlinhos de Cinza, Dilma (não é  a presidentA) ela só não foi presidente porque era de Cinza; Vaninha, Gilson, Gilvinha…  ih, é muita gente!!! Bem, aí a minha interlocutora me interrompeu dizendo:”já sei, não foi  do meu tempo…”

Bem, deixemos de lero lero e vamos em frente. O fato é que, diz-se à boca miuda e grauda também que, em certa época o nosso amigo Vando de Cinza resolveu assumir o gerenciamento e controle total da famosa venda do saudoso Cinza, seu pai; a fim de  preservar o bom ponto comercial; promover a modernização que o empreendimento  exigia; evitar-se uma derrocada; e impor-se um novo e moderno(?) estilo comercial aliado  à extrema austeridade administrativa financeira que os tempos desde então já exigiam. E  foi logo cortando o famoso fiado pra todo mundo. Fiado agora, nem amanhã. Da cachaça  ao doce de leite, fiado nem um “tusta”.


Mas, acontece que o nosso saudoso e não menos saudoso Queno, já havia adquirido o  direito milenar de tomar um gole de “malvinha” antes do almoço; que era pra abrir o  apetite. E esse costume salutar (por causa de Salu), era sempre feito nas vendas e bares selecionados pelo nosso Queno – que foi um respeitável fiscal da secretaria estadual da  fazenda, em nossa querida cidade.

Nada mais justo pois, em sendo ele um representante da fazenda pública, com poderes de  fiscalizar e até multar ou interditar o estabelecimento comercial infrator; podia muito bem  dizer o que queria ou não, já que viviamos uma dita dura, digo, numa ditadura militar  naquela época, etc. e tal, bambambam, e caixa de “fósco”.

E foi assim que Queno parou na venda de Cinza e pediu a sua dose de “malvinha” grátis, já  que era direito adquirido. Vando prontamente atendeu ao pedido e: conversa vai,  conversa vem, falaram do paletó empacado de Vando; e, de repente, Queno arregala os  olhos em direção à prateleira, descobrindo uma garrafa de Bananinha* ; já empoeirada.

 

De  imediato Queno requisitou a garrafa, perguntou logo pelo preço e determinou: “embrulhe essa daí que é pra um colega meu, em Salvador. E no fim do mês  eu pago”. Nisso, o aplicado Vando, num gesto brusco e mais que ágil lançou mão da  garrafa, indicando que fiado não venderia. E Queno, mais rápido ainda, meteu o dedo no  ecler da sua pasta em busca do temível talão de multas porém, foi de-li-ca-da-men-te  contido pela ação eficaz de Vando que dizia, num sorriso amarelo pelos cantos da boca: “pode levar moço, é brincadeira. Aqui todo mundo não é primo???”

* Bananinha era o antigo nome de uma famosa cachaça produzida pelo Major Félix de Araújo em sua chácara; a qual era feita com a adição de banana verde; uma preciosidade.

Enviado por Alorof e reeditado em 08/07/2023
Código do texto: T4031342
https://www.recantodasletras.com.br/humor/4031342

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