Publicado em 19/06/2023 às 14h14

Colunista: Teoney Guerra    Coluna: Fatos e Negócios.

Um desrespeito à comunidade católica de Correntina

Igreja antiga
Igreja antiga

A história registra que, no ano de 1806, por devoção de dona Caetana Brandão, foi erguida, na localidade então denominada de Rio Rico – que depois foi denominada de Arraial de Nossa Senhora da Glória do Rio das Éguas e elevada a Freguesia -, hoje Correntina, uma capela, em honra a Nossa Senhora da Glória. A construção da capela – depois ampliada, se tornando uma igreja – deveu-se a uma promessa feita à santa e cuja graça fora alcançada por dona Caetana.

Esse episódio que remonta há 217 anos marcou não apenas a gênese da igreja “antiga” da nossa cidade, mas o catolicismo local e a própria história de Correntina. Dessa forma, essa igreja sempre esteve intrinsecamente ligada à história religiosa desta comunidade e suas tradições, e Nossa Senhora da Glória, se tornou a padroeira.

Porém, toda essa história está sendo relegada ao esquecimento, ignorada e desrespeitada, exatamente por quem deveria ter o maior interesse em preservá-la: as autoridades eclesiásticas da Paróquia.

Desde o ano de 1999, quando a igreja nova – do outro lado do rio – foi inaugurada, as autoridades eclesiásticas vêm “empurrando goela abaixo” da comunidade católica de Correntina – cuja imensa maioria não aceita – a ideia de torná-la a “Igreja Matriz”.

Igreja nova

Uma atitude desrespeitosa e absurda

Chegou-se a transferir o nome da igreja antiga, histórica, tradicional, para a igreja nova, que passou a ser a igreja Nossa Senhora da Glória, (re) denominando a antiga de Igreja Imaculada Conceição*.

Um ato de desrespeito à memória de um templo religioso secular, que, ao longo desse tempo foi o local de batismo, casamento e ministração de outros sacramentos a milhares de pessoas e famílias que, têm nessa, a “original”, única e imutável Igreja Nossa Senhora da Glória, a referência da sua vida religiosa.

Recentemente, um pároco local, tentando amenizar a insatisfação gerada na comunidade católica por essa questão, chegou a propor o uso dos termos: matriz nova e matriz velha. Outro absurdo!

Essa mudança de status ou classificação da igreja antiga – de matriz para filial – representa, inclusive, uma afronta à linguística e à etimologia da nossa língua, pois, fazendo uma consulta ao Dicionário Aurélio, o mais importante e respeitado dicionário da língua portuguesa – ou a outro dicionário -, pode-se verificar que o verbete “matriz” tem a seguinte definição: matriz. [Do lat. matrice.] S. f. 1. Lugar onde algo se gera ou cria… 2. Aquilo que é fonte, origem, base, etc […]
Ou seja, no bom português: matriz é matriz; filial é filial.
Por tudo isso, a igreja antiga é e sempre será para os católicos de Correntina, a Igreja Matriz. E para que o respeito à comunidade católica, à cultura e às tradições locais seja restabelecido, esta Coluna irá recorrer à autoridade ou ao nível de poder – dentro da igreja Católica – que for necessário; até a Roma, ao Papa, se for preciso.

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*Situação essa que não está bem clara para a comunidade Católica correntinense, como se deu. E procurando esclarecer se há realmente algum ato administrativo que tenha transferido o nome da igreja antiga para a igreja nova e mudando o nome da igreja antiga, como nos referimos acima, a Coluna esteve por duas ocasiões na Secretaria Paroquial. Na primeira, a funcionária disse não saber da existência desse ato, mas que iria levar ao conhecimento do pároco para averiguar essa situação. Voltamos, dois dias depois, porém, a resposta foi que o padre não havia tido tempo para averiguar a questão.

Dessa forma, até o fechamento deste texto para a Coluna, 5 dias depois, não houve nenhuma manifestação da Diocese. Portanto, não se sabe se há um ato administrativo nesse sentido, ou se houve apenas a comunicação verbal [de uma intenção] dessas mudanças de nomes, que foi feita na igreja, durante um ato religioso.
A Coluna aguarda uma manifestação da Paróquia.

4 COMENTÁRIOS

  1. É lamentável ver o abandono material e religioso e a extorsão da nossa cultura com a mudança do nome da Santa da Igreja Matriz, para a Igreja Nova. Inclusive com a falta de Missas aos domingos após pandemia, tudo voltou ao normal, menos na Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória, que estar em uma situação precária de abandono. Sem falar da venda e destruição de mais uma parte de nossa história com a venda e demolição da Maternidade Padre André que e passou a se chamar Hospital DR. Lauro. Porque não investiu parte do dinheiro para restauração da Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória, se foi construída com recursos de nossa comunidade de Correntina-Bahia. E inadmissível a Diocese de Bom Jesus da Lapa se apropriar do dinheiro que pertence a paróquia de Correntina-Bahia. UM POVO SEM HISTÓRIA É UM POVO SEM MEMÓRIA…

  2. Se o povo assiste tudo de camarote! Fazer o que? Agora se fosse pra cuidar da vida dos vizinhos, não faltava aglomeração, deveria criar se um movimento contra esse ato desonesto do representante legal da igreja permitir tamanho descaso com nossa cultura e acabando com nosso patrimônio. Mais já derramou o leite, só resta lamentar.

  3. Todo meu apoio Teoney Guerra. Junto a outros Correntinenses catolicos, fizemos várias tentativas de retornar o Status de Matriz ‘a Matriz de Nossa Senhora da Glória. Alguns padres que assumiram esta paróquia após esta mudança, levaram para o bispo da diocese a insatisfação da nossa comunidade com tal atitude; não obtiveram sucesso e criaram os termos nova e velha Matriz, o que agravou mais a situação. O correto e buscarmos reverter a decisão tomada, pois nem consulta houve aos paroquianos para tal decisao. Sigo a linha da nossa história e as determinações da gramática. Matriz e Matriz; filial e filial.

    • Wedem seu comentário é muito importante para esclarecer o fato. E sem dúvida que a comunidade tem um peso muito grande nessa mudança, que é levando a sua vontade ao atual Reverendíssimo Padre Vanúcio Hebert.

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