Publicado em 01/11/2024 às 06h15

Foto da internet.

AGRESSÃO AOS PROFESSORES É QUESTÃO DE IGNORÂNCIA OU MALDADE?

“…E você acha que você tem que ter um emprego que te libera ao médico? Você precisa sair, porque  a lei é federal…” sentenciou a Secretaria de Educação, ao responder a pergunta de uma professora de geografia. Esta destemperada reação é o mesmo que dizer: quem não tiver satisfeito que peça pra sair.  Ao ler isso no G1 Goiás (30/10/24), fiquei a me perguntar se é este, de fato, um critério estabelecido pela Gestora de Educação do Estado de Goiás, para quem quer sair ou ficar. Assim sendo, presumo que, quanto mais alto é o nível de insatisfação, maior o risco de demissão.  Com o agravante de que, se replicado país afora esse precedente, logo se verá o fim do Sistema Educacional e, por tabela, dos Profissionais da Educação. Não por acaso o grau de insatisfação dos docentes, que já é elevado, segue em evidente tendência de crescimento. Não bastasse o trabalho extenuante, turmas lotadas e sobrecargas, os trabalhadores da área são submetidos a mordaças, cerceamento da liberdade e subtração dos direitos, sem contar as ostensivas e/ou veladas pressões vindas de cima.

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Face a tal realidade, creio e rezo para que esses burburinhos não passem de uma equivoca impressão, ou, na pior das hipóteses, de uma crise temporária de  impaciência e ansiedade da “incorrigível” Secretária de Educação. Caso minha percepção padeça de impertinência, devo apenas lamentar pelos supostos danos que essa infeliz fala e posicionamento, eventualmente possam ensejar. Prefiro dar crédito ao testemunho dos professores sobre as avaliações de desempenho do ensino e do quotidiano dos docentes, do que nas frias estatísticas, feitas sob a égide da conveniência da maquiagem dos números.

Resta-me apostar na sensatez de alguns gestores públicos brasileiros, comprometidos com a defesa universal e de qualidade da Educação. Isto porque, um Sistema Educacional que não prioriza a qualidade dos seus quadros profissionais, cuidando da saúde e do seu bem-estar, não pode, por conseguinte, falar que leva a sério o seu Programa. Construir bem-estar é cuidar da salubridade, dos direitos e da digna remuneração, para a manutenção da vida de seus agentes. Se os gestores públicos, os pais e a sociedade não valorizam os referidos profissionais, como serão a percepção e a postura do aluno perante o professor?

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Aliás, nesse quesito, a mencionada Gestora de Goiás não está só. A ela soma-se uma gama muito maior de indivíduos, que desvalorizam a Educação e desrespeitam seus Profissionais. Basta uma leitura breve dos jornais, sites e blogs, para neles encontrar, aqui e ali, notícias de ofensas e posturas desumanas, ilegais, repugnantes e criminosas contra os (as) professores (as). A lista desses atentados vai, desde o salário minguado e piorados pelos sistemáticos atrasos, às ofensas morais, assédios, criminalizações e assassinatos. Como a sociedade brasileira pode emudecer frente a isso?

O cenário é agravado pela falta de instrumentos e mecanismos para o enfrentamento desse quadro. Negligencia e ausência de iniciativas, por parte de quem é revestido da prerrogativa de fazê-lo, perpetuam a certeza de que isto é insolúvel. E quando há iniciativas, estas por vezes são tímidas e acanhadas. Para constatar o descrédito do nosso Sistema, basta passar uma olhada rápida na antiga Grécia, e comparar como os gregos lidavam com a educação. Ali o (a) leitor (a) há de perceber como a Educação construiu e elevou o Ocidente, tecendo os Saberes e desenvolvendo as Ciências e a Cultura Universal. E olha que isso foi há mais de dois mil anos atrás.

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Analisando o que fez a Grécia pela Educação, cabe aqui mais uma pergunta: por que insistimos em desclassificar tanto, o objeto que os gregos muito apreciaram? Seria por ignorância ou maldade? Claro, que qualquer uma das palavras, que se tomasse como resposta, a resolução estaria logo ali à vista. Se a razão do desprezo pela Educação é a ignorância, basta então priorizar investimentos e atenção ao Sistema. Entretanto, se a causa da Educação ser ruim é a maldade na gestão, então é bom melhorar os critérios de eleição dos Gestores da Educação.

Antonio Rocha. 31/10/24

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