Publicado em 23/10/2024 às 12h09

Foto da internet.

ASTRO-REI DO UNIVERSO
Por Gecilio Souza

Foi-se embora o Verão
Com a chuva que caía
Agora é outra estação
O Outono se inicia
E o Sol de prontidão
Do seu trono se irradia
Dissipando a escuridão
Começo de um novo dia
Surge lá detrás do monte
Que beleza de horizonte
Fantástica coreografia

Gigantesco lampião
Fonte de toda energia
Ilumina a imensidão
Governa com tirania
Vitamina e insolação
Uma mata a outra cria
Deixa alguma região
Inóspita de tanto fria
Outra infértil a céu aberto
Como exemplo o deserto
Onde a vida se atrofia

Foto da internet.

Absoluta dominação
Força alguma o desafia
Revigora a vegetação
Faz a selva ser sadia
Conforme a ocasião
Ele castiga ou alivia
Sua térmica comunicação
A própria selva anuncia
Pela fotossíntese reduz
A intensidade da luz
Que o astro-rei envia

Sua sideral amplidão
Preocupa a geometria
A ciência desde então
Vive buscando uma via
De melhor compreensão
Desta solar hegemonia
Faz ousada excursão
Com base na teoria
Que o Sol é um rei excelso
Soberano do universo
Em longeva monarquia

Foto da internet.

Desde a constituição
De toda essa engenharia
Do vento até o trovão
Tudo lhe reverencia
Mas há gente sem noção
Que só possui a mania
De se achar sabichão
Sem saber astronomia
Perante a grandiosidade
Quer explicar a complexidade
Com crença ou numerologia

O Sol é a representação
Da mais nobre cortesia
Iluminou o suposto Adão
E sua Évica companhia
De acordo com a religião
Aqueceu a estrebaria
Onde o arquétipo cristão
Nasceu da jovem Maria
Este caso é controverso
Rei-Sol manda no universo
E o resto é fantasia

Foto da internet.

O Sol não faz distinção
De raça ou genealogia
Nem de cor nem de função
De credo ou ideologia
Está nas obras de Platão
E em sua filosofia
Ponto de reflexão
Metáfora e analogia
É Logos, fogo e devir
Faz o homem investir
Dinheiro em alta quantia

Astro-rei é um caldeirão
Efervescente maestria
De gases em combustão
Sem filtro ou refinaria
Induz à transformação
Transforma com autonomia
Converte tudo em carvão
Se invadir sua cercania
O luzeiro incandescente
Quinze mil graus de quente
A terra é sua periferia

Foto da internet.

Rei-Sol não tem coração
Nem amor nem simpatia
Jamais faz bajulação
Governa por simetria
Impera sem interrupção
Ele é a máxima autarquia
Que ignora a condição
Linhagem ou hierarquia
Seu domínio é total
De alcance universal
Tem potência e primazia

O Sol ilumina o chão
E o ecossistema aprecia
Sem fatura e sem talão
Ele molda a economia
É gratuita a concessão
Que a todos beneficia
Aquecer é sua intenção
Veta toda estrepolia
A noite é alternativa
Para a Terra seguir viva
Do contrário se arderia

Foto da internet.

O Rei-Sol tem sua canção
Em silente melodia
Cada noite é um refrão
Que entoa a sintonia
Com toda a constelação
De encantadora magia
Mantém-se na direção
Astro-rei segue na guia
Não retrocede ou recua
Empresta sua luz à lua
Ao mundo inteiro vigia

Astro-rei é solução
Para a escura travessia
Contestá-lo é em vão
E incorre na teimosia
Quem precisa do bastão
Agradece a serventia
Caminha com precisão
O sol lhe dá assessoria
Este luzeiro potente
Tem alcance abrangente
Símbolo da sabedoria

Astro-rei é um paredão
De vida e necrofilia
Não há reconciliação
Ele queima e propicia
Uma certa combinação
Calor e também ventania
O homem por especulação
Lhe reproduz e copia
Neste aspecto o astro-rei
Institui a própria lei
Conosco fez parceria

Gecilio Souza é bacharel em direito. Formado em filosofia. Amante da literatura. Entusiasta da poesia. Lê e escreve por deleite e amor à sabedoria. Atua como professor e escritor.

 

1 COMENTÁRIO

  1. Muito.bom.
    grande cordelista nosso querido gercílio beda.
    caprichou no verso e intonação. Rima boa de se ler.. parabéns aos envolvidos.

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