Publicado em 27/09/2024 às 12h06

Por Antonio Rocha.

OS GESTORES TÊM QUE APRENDER A LIDAR COM A CRÍTICA.

Um governo que não tolera criticas, não serve para governar. No Brasil, a prática do cala-boca, quer pela ameaça física, pela intolerância moral, ou pela compra do silêncio através dos escusos e seletivos favorecimentos, tornou-se uma prática corriqueira. Pelo que nos é possível constatar, no passado isto era bem pior, devido à soluta ausência de estrutura e de mecanismos fiscalizadores. Não obstante os meios de fiscalização disponíveis atualmente, verifica-se a proliferação de políticos inescrupulosos que, por diversos e reiterados meios, tentam cooptar lideranças sociais comprometidas, mas desavisadas.

O que o (a) cidadão (ã) não pode ignorar, é que toda sociedade acrítica padece dos males provenientes da sua apática inércia, assim como gestores que não toleram críticas. Eles bloqueiam o diálogo, não constroem pontes e são fechados em si mesmos, o que conflita com o ideal de gestão democrática. Ao contrário, em resposta às criticas da cidadania, os gestores devem responder com trabalho diligente, com ações orientadas pelos princípios da moralidade e da legalidade.

Quanto aos movimentos sociais, tais como sindicatos, associações e outros organismos de organização profissional e de classe, vale lembrar que não são inimigos do gestor público. Pelo contrário, eles devem ser vistos como colaboradores e, consequentemente, imprescindíveis ao bem comum, conforme prevê a Constituição Federal.

Assim sendo, uma das atitudes incompatíveis com a expertise bom gestor, é a ilegal e repulsiva perseguição ou ameaça a qualquer liderança social, uma vez que esta tão somente desempenha o papel de representar a própria categoria. A propósito, nenhum gestor é suficientemente capaz de, sem a contribuição coletiva, detectar e enfrentar os grandes problemas que desafiam a capacidade administrativa de um município, estado, ou país. Ninguém deve presumir-se autosuficiente, a ponto de superestimar a própria capacidade e subestimar a percepção social.

Respeitar o legítimo direito de agir, reivindicar e sugerir é um imperativo constitucional e ético estabelecido pela Carta Magna do nosso país como premissa incondicional. Além do mais, como é da natureza do regime democrático a garantia da participação popular no acompanhamento e na fiscalização do governo, cabe ao próprio regime garantir um ambiente de participação popular. O que não se espera jamais é a contemplação de uma sociedade apática e parasitária, passiva e indiferente, prostrada aos pés do clientelismo e vulnerável ao encabrestamento.

Silenciar os movimentos sociais organizados é, evidentemente, um perigoso cerceamento de direitos e a obstrução dos acessos inerentes ao conceito de cidadania. A rigor, o que se espera do verdadeiro gestor é o comprometimento e a sintonia com os anseios da sociedade, sempre buscando respostas para os seus mais presentes desafios.
Por fim, podemos afirmar que o engajamento do povo nos movimentos sociais é, além de desejável, imprescindível. Tolher a liberdade e silenciar as vozes, por quaisquer meios que seja, viola os princípios basilares da própria democracia e macula, indelevelmente, a imagem do governante. Lembre-se de que, ao gestor compete, entre outras coisas, a prerrogativa de liderar o processo de reconhecimento e efetivação dos direitos, e isto implica o estímulo ao engajamento social.

Graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Curso livre em Teologia, Graduado em História, especialização em Filosofia Clínica, pelo Instituto Packter e mestrado em Ciências da Religião pela PUC Goiás, em 25.09.2024.

7 COMENTÁRIOS

  1. Sim, concordo que gestores tem que aprenderem a lidar com as críticas. Porém nós últimos anos nós nos acostumamos a um certo ex-presidente e seus fervorosos seguidores, agredirem e criticarem os veículos de imprensa que mostrava a dura realidade daquela gestão. Além dele criarem portais de comunicação para disseminar notícias falsas. Aqui em nossa região oque temos para nos informar é só a Internet. Já que a única TV da região foca em apenas 2 cidades e não vem aqui mostrar os problemas e cobrar soluções.

  2. Quem não suporta crítica, não está preparado para a vida pública.
    A ética está contida na moral. Como um gestor não cumpre o seu papel que deveria ser ético, e quer cobrar a moral perante a sociedade?
    Eis o ditado, quem quer respeito, deve respeitar o direito dos outros, ter empatia.
    Veja bem, há quanto tempo os professores vem sendo humilhados, achincalhado e desrespeitados dentro da plenitude dos seus direitos que são descumpridos por esse gestor incompetente e oportunista.
    Minha solidariedade a categoria dos profissionais da educação, apesar que tem membros que não tem minha admiração por trabalhar contra a própria categoria e defendendo o indefensável gestor.

  3. É importante promover uma cultura do diálogo em nossa sociedade. As pessoas adam muito finas ao receberem críticas.
    Uma sociedade se constrói ouvindo e dialogando.

  4. É importante promover uma cultura do diálogo em nossa sociedade. As pessoas adam muito finas ao receberem críticas.
    Uma sociedade se constrói ouvindo e dialogando.

  5. Saudação a todos que escrevem nesse jornal. Gratidão àqueles e aquelas que postam os seus comentários, fomentando assim o bom e necessário debate…
    Percebo e anoto aqui, a ausência de uma presença feminina… Quem sabe, uma colunista no JC …!!!

  6. Infelizmente é a dura realidade que vivemos no nosso País e isso acontece de norte ao Sul de Leste ao Oeste o cala boca através da pressão psicológica, através do poder econômica, poder político, é lamentável ainda nos dias de hoje acontecer uma heresia dessa na nossa democracia.

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