Publicada em 19/06/2023 às 11h20

 

Colunista: Clériston Mota. Coluna: Pessoas e Personalidades.

O texto de hoje é dedicado nossa heroína. Etelvina Nogueira Rodrigues (Dona Zinha).
Nesse mundo há pessoas que são centelhas de esperança. Dona Zinha foi Um presente de Deus para quem a conheceu. (Clériston Mota)

Acervo fotográfico; Ednéia Nascimento/ Senhora Aparecida (Filha)

Etelvina Nogueira Rodrigues ( Dona Zinha )

HISTÓRIA DE VIDA
Dona Etelvina nasceu em 25 de março de 1945, na efervescência da Segunda Guerra Mundial. Durante seus primeiros anos de vida ouvia seus pais e vizinhos comentando sobre essa grande catástrofe mundial, talvez por isso, desde cedo desenvolveu o altruísmo como uma maneira de ser com as pessoas.

Cresceu na fazenda Tatu e teve sua infância cuidando da casa, ajudando as pessoas e trabalhando muito como uma mulher guerreira a frente de seu tempo. Trabalhou como professora leiga e ajudou muitas pessoas em sua comunidade e região.
Seu filho Nilson José Rodrigues Maguila, atual Prefeito de Correntina, se refere a Dona Zinha como a sua principal professora e exemplo de mulher cidadã.

Acervo fotográfico; Ednéia Nascimento/ Senhora Aparecida (Filha)

UMA MULHER ADMIRÁVEL À FRENTE DO SEU TEMPO

Simplicidade e determinação nunca lhe faltaram. Se hoje depois de tantos avanços ainda é difícil o protagonismo feminino, imagine em sua época.
Ela fez a diferença vendo o sofrimento de seus amigos agricultores e trabalhadores rurais.

Juntamente com alguns amigos, e em busca de direitos e amparo legal, foi uma das fundadoras do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Correntina.

Dona Zinha nunca se calou ou se omitiu frente as injustiças sociais, principalmente com as pessoas humildes que trabalhavam no campo.

Suas parcas condições financeiras jamais a impediram de compartilhar o pouco que possuía com os mais necessitados.

Filhos: Nilson, Pedro, Ilson, Dirceu, Noêmia, Raimunda(Dinha), Senhora Aparecida (Cidinha).

Mulher sensível ao sofrimento das pessoas. Quando seu filho Nilson assumiu um de seus mandatos como prefeito, Dona Zinha foi aclamada por todos, inclusive pela oposição para assumir a Secretaria Municipal de Assistência Social. Foi assim, que Tia Zinha, como era conhecida, montou uma equipe que fez uma das melhores gestões à frente dessa pasta, deixando saudades até hoje.

Acervo fotográfico; Ednéia Nascimento/ Senhora Aparecida (Filha)

São inúmeros depoimentos positivos a seu respeito.

Do amigo Joselino Souza eu ouvi: “estava com uma dor proveniente de uma úlcera no estômago, e, como minha condição financeira era pouca, Dona Zinha me procurou e me deu toda a atenção, até resolver o meu problema.
Para ela existia pessoas que precisavam e sua equipe atendia sem discriminar ou perseguir ninguém”.

Lembro, por ocasião da morte de uma senhora, por nome D. Raimunda, seu Cassimiro que era Vereador na época, falou comigo para darmos assistência a família que era muito carente. Ao acionarmos Dona Zinha, então secretária, tivemos uma atenção de alguém que de fato sofria as dores dos desfavorecidos.
(emocionado escrevo essas palavras, Etelvina era uma pessoa especial).

Acervo fotográfico; Ednéia Nascimento/ Senhora Aparecida (Filha)

MÃE AMADA, RESPEITADA E QUERIDA POR TODA A FAMÍLIA

Aos finais de semana, nas datas comemorativas era sempre um motivo especial para filhos, noras, genros, netos e sobrinhos se reunirem em volta desse ser humano extraordinário (Dona zinha). Ao ouvir suas histórias, a forma como ela tratava a todos, ela tinha o dom de cativar e conquistar o amor de todos. De seus netos ouvimos: “Para mim, ela representava a mulher forte, a matriarca, a mulher que governa uma família.
Eu a tenho como um exemplo de mulher forte, batalhadora, que ama, cuida, protege, e briga quando necessário.
Pra mim ela era a minha vozinha, fofinha, que cuidava de nós com todo amor do mundo.
Quando se fala em Mãezinha, faltam palavras para descrever o que ela significava pra mim, eu só sei sentir amor e saudade”.
Ingrid Rodrigues (neta)

“Falar da minha avó é lembrar de uma mulher forte, guerreira, sem medo de lutar pelos seus ideais. Tantos acontecimentos difíceis e nada fez com que ela sentisse abalada, cada dia ela tinha mais força para lutar. Uma mulher que lutou pra criar seus filhos, inclusive os netos, fez e faz muita falta pra família e pra todos que há conheciam”.
Fabiana Rodrigues (neta).

“Mãezinha representava a doçura, uma vó exemplar, uma mulher guerreira, caráter inigualável, sempre gentil e educada com todos ao seu redor. Sem dúvidas ela era a base da nossa família.
As tardes em sua casa eram as melhores, o seu carinho com seus pindobinhas eram inexplicáveis (apelido que ela chamava seus netos pequenos). Uma parte de mim é saudade a outra é gratidão por ter conhecido e convivido com uma pessoa tão incrível que foi ela”.
Sara Rodrigues (bisneta)

Acervo fotográfico; Ednéia Nascimento/ Senhora Aparecida (Filha)

LUTOU ATÉ O FIM.

Mãezinha como se referia seus netos e bisnetos, foi a mulher mais forte e meiga que conheci, um orgulho para todas as mulheres e modelo de ser humano para todos da família.

Ativa e sempre independente em suas coisas, começou apresentar cansaço, dores abdominais e certas limitações. Prontamente os filhos, principalmente Nilson, deu-lhe total assistência estando ao seu lado o tempo inteiro juntamente com os demais familiares. Nestes procedimentos médicos, foi diagnosticado o câncer no intestino grosso, pâncreas, parte do fígado e, principalmente no intestino delgado.

Dona Zinha foi submetida a uma cirurgia delicada, em São Paulo com duração de 12 horas, os resultados foram comemorados pelos familiares, médicos, e toda a cidade que esteve unida rezando e orando pela sua recuperação (todas as religiões oravam por ela e tudo ocorreu bem).

Após a sua recuperação seguia suas atividades normais, valorizando cada momento, ora na roça, na cidade ou onde estivesse.

Dois anos depois da primeira batalha pela vida, em São Paulo, passou por uma segunda cirurgia, dado a idade e avanço do novo diagnóstico, foi recomendada a cirurgia mais uma vez.

A Guerreira Etelvina lutou até o fim, não resistindo, veio a falecer em Brasília, na madrugada do dia 11/06/2012.

(Enquanto escrevo esse texto, revivo todo o momento difícil que também vivi, pois, no mesmo ano de sua morte, perdi minha mãe, dona Valdeci Moura Mota com o mesmo tipo de câncer, severo e humanamente irreversível).

Dona Zinha é um desses seres humanos que se fez eternizar em cada pessoa que a conheceu.
Sua vida é um exemplo palpável de que é possível ressignificar as dores do sofrimento pelas curvas sinuosas da vida e transformar em amor, solidariedade e esperança para as próximas gerações.

Autor: Clériston Mota

Fontes:

Jornal o Expresso;
Sara Rodrigues; (Bisneta)
Site da Prefeitura Municipal de Correntina;
Depoimentos de admiradores.
Acervo fotográfico; Ednéia Nascimento/ Senhora Aparecida (Filha)

6 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns por trazer às páginas da história o valor de uma vida dedicada à causa das pessoas mais vulneráveis, por vezes desabrigadas do pela justiça dos homens, pelo coração duro dos gananciosos. Uma linda história de quem escolheu juntar tesouros no Reino de Deus e com amor tomou Correntina para cuidar segundo suas possibilidades. Fico feliz que o Pastor Clériston esteja trazendo ao reconhecimento público mais esta heroína!

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